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A mostrar mensagens de 2025

Diz o povo. Provérbios de agosto

  Em agosto toda a fruta tem seu gosto. Agosto, dá o sol no rosto. Agosto, frio no rosto. Luar de janeiro não tem parceiro, mas lá vem o de agosto que lhe dá pelo rosto. Luar de janeiro alumia todo o ribeiro, mas lá vem o de agosto que lhe dá no rosto. Em agosto nem vinho nem mosto. Nem em agosto caminhar, nem em dezembro marear. O mês de agosto será gaiteiro, se for bonito o 1.º de janeiro. Primeiro de agosto, primeiro de inverno. Em agosto antes vinagre do que mosto. Quem não debulha em agosto, debulha com mau gosto. PROVÉRBIOS NESTE SITE  |  E NESTE

A revolução liberal pelo olhar de Senos da Fonseca

  Senos da Fonseca , um polifacetado homem de múltiplos saberes, com várias formações no âmbito da engenharia mecânica e de máquinas navais, tendo desempenhado funções em inúmeras empresas públicas e privadas, com vasta obra publicada, traz-nos, num livro publicada em 2020, o seu olhar sobre os tempos conturbados vividos em Portugal aquando da revolução liberal nas primeiras décadas do século XIX. Trata-se de uma rigorosa narrativa, ainda que breve, “da revolução de 1820 à de 1828”, como nos refere na capa, em subtítulo. O elemento central e fio condutor para esta cronologia histórica, desde D. João VI até D. Pedro IV, passando pela luta fratricida entre liberais e absolutistas, que durante mais de uma década tiveram o país a ‘ferro e fogo’, é Joaquim José Queiroz. Este, natural do seu concelho, Ílhavo, desempenhou um papel proeminente em defesa das ideias liberais, primeiro liderando a sublevação de 16 de maio de 1828 em Aveiro, contra D. Miguel, que soçobrou e depois integran...

Romance 'O Leitor de Dicionários': opinião de João Cruz

Ao concluir a leitura de O Leitor de Dicionários , confesso, senti-me diante de uma obra que ultrapassa o mero exercício narrativo e se impõe como uma verdadeira reflexão sobre o papel da linguagem, da memória e da identidade. O romance não só homenageia a palavra como matéria-prima da existência, como também provoca no leitor, convida-o, a reavaliar sua própria relação com os significados que escolhemos, utilizamos, para interagir e no fundo para construir o mundo. A personagem do Alberto Suídas — leitor obsessivo, quase ritualístico, de dicionários — é, ao mesmo tempo, comovente e simbólica. Alberto Suídas é uma personagem rica e complexa, introspetivo e levemente andrógino, ultrapassa a função narrativa para se tornar numa figura emblemática da relação entre palavra e existência. Procura nos dicionários um significado e um sentido de existir (e vice-versa). A sua história convida a pensar sobre o que significa ler — e o que significa viver através da leitura. No essencial, encarna...

Falou-se de Viseu dos anos 60 e 70 a propósito do romance O LEITOR DE DICIONÁRIOS

  Viseu dos anos 60 e 70 esteve no centro da apresentação do romance O Leitor de Dicionários . Em articulação com a livraria Libros & Libros teve lugar naquele espaço comercial, na rua do Comércio, em Viseu, a apresentação, pelo autor, do livro O Leitor de Dicionários . Tendo por base o grande destaque que no romance se dá à cidade de Viseu dos anos 60 e 70 do século passado, o autor, Acácio Pinto, focou-se essencialmente nesse aspeto. Colocando-se na ‘pele’ de Alberto Suídas, a personagem principal, o autor efetuou uma incursão pelo Liceu Nacional de Viseu, que juntamente com a Escola Comercial e Industrial de Viseu eram as duas referências da cidade. O liceu foi a escola de Suídas, primeiro, como estudante, anos 60, e depois como professor, a partir de 1975, quando na mesma se viviam tempos revolucionários, que levaram à destruição da frase de Salazar “a escola é a sagrada oficina das almas”. Igualmente, foi nesse tempo que se efetuou a mudança de nome do liceu, de que...

Codex XXV, um livro de Afonso Carrega que deixa ecos

Codex XXV é um livro de Afonso Carrega que deixa ecos. Lembrei-me de uma frase de Goethe a propósito do livro de poemas Codex XXV , de Afonso Carrega. Dizia aquela polímato alemão, há 250 anos, que “no mundo há muitas frases mas poucos ecos”, situação que encontra um enorme paralelismo com esta atualidade efervescente, de ditos e gritos num sem número de plataformas digitais. Pois é, vivemos hoje, de facto, um tempo em que somos completamente submergidos por inúmeros textos, inúmeras proclamações, inúmeras frases e muitos poemas, sem que nenhum, quase nenhum, ecoe e soe bem fundo dentro de nós. Tenha eco. Ora, este Codex XXV é um livro de poemas, de muitos poemas que deixam ecos. De versos e poemas “esculpidos de sentidos”, parafraseando José Luís Peixoto, feitos de alma e de coração. Um livro em que, cada verso, cada poema brota lá do fundo, da fonte onde nasce “uma canção para alguém”, “um amor / só que seja” e o fruto “proibido inalcançável”, qual Sísifo empurrando a pedra ...

Os amigos também partem

Os amigos também partem Há pessoas assim. Que nos marcam. Que são marcantes e referenciais das nossas vidas. Pessoas que, por desígnios insondáveis, se tornam nossas. Que adotamos. Com quem gostamos muito estar. Com quem queremos muito estar. São pessoas que nos acompanham. Nas alegrias, mas sobretudo nas tristezas e nas partidas que a vida nos prega. Que a vida também lhes prega. Há pessoas assim. Que são farol. Que traçam caminhos. Que lutam. Por ideias. Perdendo umas vezes e ganhando tantas outras. Mas sempre de forma convicta. Convictamente defendendo as suas ideias. Os seus ideais. Sim, falo do José Junqueiro . Do JJ, como carinhosamente lhe chamávamos. Partiu. Partiu de rompante. E não há forma de sabermos lidar com isto. Não há qualquer racional que nos valha. A morte chegou em silêncio. Fria. E silenciosamente levou-o. E levando-o levou tanto de nós. Da nossa vida. Partiu hoje, não resistindo à última batalha que quis travar. Que travou. Fica. Fica o seu exemplo. A sua determin...

A feira da Tocha, ou a feira dos dias 14 e 27 de cada mês

  A Feira da Tocha realiza-se todos os meses nos dias 14 e 27 e quando estes coincidem com o domingo é antecipada para o sábado. É uma feira referencial para a região, pois atrai a esta localidade do concelho de Cantanhede muitos vendedores e muitos compradores, gerando assim um grande dinamismo económico local e regional. Porém, acrescendo a esses dois dias do mês, passou a realizar-se no mesmo espaço (o grande Largo da Feira, junto à igreja matriz), ao domingo, um mercado semanal. Ou seja, a Feira da Tocha viu, assim, aumentada a sua frequência, tornando-se num evento que gera grande atratividade à localidade. Ali são comercializados todos os tipos de produtos, numa agitação e efervescência enormes. Roupas, animais, fruta, árvores e hortícolas, sapatos, queijos e enchidos, quinquilharias diversas e, claro está, comes e bebes, onde não faltam os frangos e as febras, acompanhados pelo vinho tinto da bairrada. Ali fui e ali matei saudades das feiras de outros tempos. Dos pregõ...

Casa da Ínsua: a melhor oferta enoturística 2025 de Portugal

  A Casa da Ínsua foi classificada como a melhor oferta enoturística 2025 de Portugal pela Associação de Municípios Portugueses do Vinho . A Casa da Ínsua, um palacete barroco do século XVIII, localizada em Penalva do Castelo, a cerca de trinta quilómetros da cidade de Viseu e a uma hora e meia do Porto, é um hotel atualmente integrado na rede internacional de paradores . Esta unidade hoteleira, única e de grande beleza patrimonial (palácio, jardins e mata com árvores seculares), está inserida na Quinta da Ínsua, uma quinta de produção vinícola premiada, integrada em plena rota dos Vinhos do Dão e tem uma forte ligação ao Parque Natural da Serra da Estrela. Nesta quinta, para além dos vinhos Casa da Ínsua, produz-se ainda o Queijo Serra da Estrela, azeite, compotas e maçãs Bravo de Esmolfe, tudo elementos identitários do concelho de Penalva do Castelo. A estes produtos endógenos, promovidos pelo município através de eventos específicos, costuma designar-se de trilogia de exc...

Todos os nomes: um romance sobre um funcionário do registo civil

José Saramgo traz-nos neste romance, Todos os nomes , uma personagem improvável: um funcionário inferior do arquivo do registo civil. No seu tom irónico, Saramago, criou um protagonista obsessivo, um coleccionador de notícias, afinal, de nomes, mas de nomes de pessoas célebres.Um funcionário obsessivo que copia os dados das respetivas fichas que ele tem no "seu" arquivo. Mas os desígnios insondáveis fazem com que surja no meio da suas cópias e da sua papelada a ficha de uma pessoa comum o que o leva a uma outra busca, à pesquisa da vida dessa mulher. Um bom livro, nestes tempos quentes de verão e de nomes! Título: Todos os nomes Autor: José Saramago Editora: Porto Editora Páginas: 280 Editado em outubro de 2015

Diz o povo. Provérbios de julho

  Água de julho, no rio não faz barulho. Julho quente, seco e ventoso, trabalho sem repouso. Em julho, ao quinto dia verás que mês terás. Em julho abafadiço, fica a abelha no cortiço. Em julho descasco e debulho. PROVÉRBIOS NESTE SITE  |  E NESTE

Acácio Pinto | Podcast do Jornal do Centro à volta dos livros

Numa entrevista concedida ao Capitul'Aparte do Jornal do Centro, Acácio Pinto, entrevistado pelo jornalista Carlos Esteves, fala de livros e de literatura e dos seus livros, nomeadamente de O Leitor de Dicionários . O podcast pode ser ouvido aqui: CAPITUL'APARTE  ou aqui: SPOTIFY Sobre o livro, o autor aborda a "geografia sentimental", os lugares onde decorre toda a trama romanesca (nomeadamente Viseu, Sátão, Fornos de Algodres, Tondela, Serra do Montemuro, em Cinfães), e traça as características psicológicas de Alberto, a personagem principal, bem como o contexto social, político e educacional dos últimos anos do Estado Novo. São 34 minutos de conversa, onde também se fazem incursões na literatura e na sua relação com a realidade, bem como sobre os processos de escrita e de revisão dos livros que editou recentemente ( O Volframista e O Leitor de Dicionários). TAMBÉM AQUI

“A Baba do Lobo”: dos tempos loucos do volfrâmio à atualidade consumista

  “A Baba do Lobo”: dos tempos loucos do volfrâmio à atualidade consumista “A Baba do Lobo” é um espetáculo que partindo dos tempos loucos da exploração e comercialização de volfrâmio e de outros recursos, nos questiona sobre a atualidade, infrene, de consumo de recursos. E não haveria tempo mais próprio para esta coprodução subir à cena do que este tempo em que vivemos, de guerra e de incerteza mundiais. Em Portugal, outrora, esventrou-se a terra para dela extrair o volfrâmio, esse ouro negro tão necessário à indústria militar. Esse minério que tanta riqueza e tanta pobreza fez entre nós. Que tanto matou, com o pó da mina. Hoje, com os rearmamentos em curso, em todas as geografias, vai-se de novo ao ventre da terra, ao minério. Ao volfrâmio, mas também ao lítio, níquel, cobalto… e às célebres terras raras. Seja Segunda ou Primeira, do Leste ou do Sul, seja qual guerra for, já percebemos, lá estão os do costume à cata deles, dos recursos. Dos metálicos, dos não metálicos, d...

Rendiconta | 50 anos | 1975 – 2025

  Título: Rendiconta | 50 anos | 1975 – 2025 Autores: Alfredo da Silva Correia e Cláudia Correia Edição:  Letras e Conteúdos Direitos da edição:  Rendiconta Design gráfico:  The Calhau Paginação e impressão:  rioGráfica Depósito Legal: 548892/25 Edição: Junho de 2025 Idioma: Português Dimensões: 230 x 230 x 5 mm Encadernação: Capa mole Páginas: 80 Classificação: Livro comemorativo – 50 anos da empresa Rendiconta SINOPSE O livro  Rendiconta | 50 anos | 1975 – 2025  é um livro que visa traçar a história dos 50 anos de vida da empresa, desde o momento da sua criação (16 de junho de 1975), como gabinete técnico de economia e contabilidade até à atualidade, como empresa de contabilidade e de apoio à gestão. É um livro escrito pelo fundador, Alfredo da Silva Correia, usando as suas memórias, e pela filha, Cláudia Correia, também gerente da Rendiconta, com base em conversas com colaboradores, clientes e o presidente da ACICB – As...

Tradições de São João: Balões e fogueiras de rosmaninhos

  A noite de São João começava sempre à tarde, com uma ida à serra para apanhar rosmaninhos. Com o carro de mão, a sachola e uma corda, lá íamos nós caminho adiante, até à corga da Raposa apanhar os rosmaninhos floridos. Depois era acamá-los no carro, amarrá-los com a corda e fazer a viagem de regresso, não sem antes bebermos água na fonte das Perdizes. À noite, o caldo e as batatas com o conduto eram deglutidos com rapidez. A rua começava a encher-se e não podíamos perder pitada. Até porque tínhamos de ir ajudar o tio Fernando a lançar o balão que todos os anos lhe ajudávamos a fazer, colando o papel vegetal com farinha triga numa estrutura de canas e arame. Na boca do balão o tio Fernando colocava uma mecha, feita de serapilheira, embebida em petróleo. Depois era colocar o balão sobre uma fogueira, para que se fosse enchendo de fumo e só então era acesa a mecha para que o ar não arrefecesse e a sua rota fosse a maior possível. Como o vento de levante era dominante o bal...

Aprovado o quadro da Polícia Municipal de Sátão: 12 zeladores e 24 guardas

  Foi aprovado “o quadro da polícia municipal do concelho de Satam” constituído por “doze zeladores e vinte e quatro guardas campestres, remunerados somente com a parte que lhes competir no producto das multas”. Este quadro foi aprovado pelo Presidente do Conselho de Ministros, Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do Reino e o Rei D. Manuel II entendeu por bem promulgar em 17 de junho de 1909.

Acácio Pinto venceu prémio literário das Bibliotecas Viseu Dão Lafões

  Acácio Pinto foi distinguido no dia 29 de maio com o prémio literário (prosa) relativo ao primeiro concurso de escrita criativa promovido pela Rede Intermunicipal de Bibliotecas Viseu Dão Lafões (RIBVDL). Vítor Figueiredo, na qualidade de presidente do Município de São Pedro do Sul e de vice-presidente da CIM Viseu Dão Lafões, foi o anfitrião deste momento que decorreu no antigo estabelecimento prisional local, exemplarmente requalificado para Biblioteca Municipal e Centro Cultural. O desafio colocado aos candidatos era escrever um texto original subordinado ao tema “Encantos da Nossa Terra”, com o objetivo de incentivar o gosto pela escrita e criação literária e de estimular a criatividade e imaginação através da escrita. O concurso dirigiu-se a todos os cidadãos interessados, desde que residissem no território da Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões e apresentassem textos originais em língua portuguesa em prosa ou em poesia. Acácio Pinto foi o vencedor desta prime...

Figueira da Foz | “A Corrida Mais Bonita de Portugal”? Sim. E no resto ano?

Foto: Município da Figueira da Foz “A Corrida Mais Bonita de Portugal”? Sim. E no resto ano? Concordo com o nome encontrado pela organização para traduzir, de forma apelativa, a corrida/caminhada que se realizou, pela segunda vez, neste fim de semana entre a Praia de Quiaios e a Figueira da Foz. Tratou-se de “A Corrida Mais Bonita de Portugal”. Porém, não compreendo a contradição que tal nome encerra. Trata-se mesmo de um paradoxo. Ou seja, a organização, a cargo do município da Figueira da Foz , adotou um nome (o melhor nome que poderia, sem dúvida!) só que inconsequente nos restantes dias do ano. E passo a explicar o meu ponto. Recuemos quatro anos, a 2021, quando por opção do município (não importa para aqui quem verdadeiramente tomou a decisão ou quem a executou), aquele percurso marginal, de rara e soberba beleza, entre a Murtinheira e o Farol, foi pavimentado. E, desde tal decisão, aquele trajeto, ou aquele trilho, que precisava de facto de uma requalificação, ficou exclu...

Acácio Pinto, em luta pela palavra

Texto de José Lapa , publicado no jornal Via Rápida , 15.05.2025  Nestas coisas da escrita, lembro-me muito de Adília Lopes: «Nada te turbe / Nada de espante ». Talvez a escrita se inicie aqui, apesar de ser difícil percebê-la na sua origem, lá bem no fundo das nossas motivações, desejos ou missões. Do fluxo memorial desagua-me também Vergílio Ferreira, logo ele que dizia ter vindo para se desassossegar e nos desassossegar: « Da minha língua vê-se o mar ». E, no desassossego, pulsa e vive a pátria, esse extenso domínio da língua, como escreveu Pessoa. Acácio Pinto, anda de escola em escola, a falar dos seus livros, nomeadamente dos últimos: O Volframista (2023) e  O Leitor de Dicionários (2024). Dois textos que marcam preocupações sociais e culturais do autor, ou seja, humanistas. Acácio Pinto, é um escritor de missão, por isso, e tenta semear a palavra e a leitura, como kit de sobrevivência para tempos sem espanto e onde a língua mirra tida por desnecessária, as tecnolo...

Crónica em três atos | Ato 1: Do que fomos, do que somos

  Desde a antiguidade que somos um povo de marinheiros. Um povo com vocação marítima. Ou não vivêssemos nós paredes meias com o mar imenso. Com essa autoestrada sem fim que outrora nos levou até aos novos mundos do Mundo. Somos um jardim à beira mar plantado neste sudoeste da Europa continental. Um território com múltiplos pés espalhados pelo oceano, que se nos oferta defronte, quais atlânticos arquipélagos tão nossos, quanto este retângulo tão deles. Uma terra múltipla e com uma alma infindamente grande. Podemos afirmar que somos uma nação milenar e una. Tão una! Sem ruturas identitárias. Com uma identidade plena. Todos identificados com os seus mais fortes símbolos. Simbolismos. Hino. Bandeira. Quiçá, cultura. Dentro da qual todos cabemos, à vontade. No passado, longo de séculos, fomos mais monárquicos. Hoje somos mais republicanos. Ontem estivemos subjugados e oprimidos. Agora vivemos sob os (bons) ditames do voto livre. Fomos governados por aqueles. E nestes tempos de pro...

Análise de "O Volframista" pelo Tiago Marques, aluno do 12.º ano, de Sátão

  No dia 7 de maio fui falar sobre o meu livro O Volframista à Biblioteca da Escola Secundária de Sátão, para uma turma do 12.º ano. Nesse dia decidi sortear pelos alunos um livro, tendo sido contemplado o Tiago Marques que agora me remeteu a sua análise. Um agradecimento ao Tiago Marques e às professoras que me convidaram para falar com os seus alunos. Eis a análise do Tiago: O Volframista, de Acácio Pinto, é um romance histórico que transporta o leitor para o Portugal rural da década de 1940, durante a Segunda Guerra Mundial. A obra centra-se na figura de Abel Fernandes, um trabalhador rural que, em busca de uma vida melhor, envolve-se no lucrativo e clandestino comércio de volfrâmio, mineral estratégico utilizado na indústria armamentista. A narrativa explora as consequências desse envolvimento, incluindo ascensão social, amores proibidos, corrupção e tragédias pessoais. Contexto histórico e enraizamento local A história é ambientada nas regiões rurais e mineiras de ...

Abordei o contexto histórico de O Volframista em congresso de ex-mineiros

A convite da organização efetuei no dia 31 de maio uma comunicação ao 3º Congresso da ATMU ( Associação dos ex-Trabalhadores das Minasde Urânio ). Esta iniciativa dos ex-mineiros teve lugar na Urgeiriça, Canas de Senhorim, concelho de Nelas, e contou com diversas intervenções de pessoas oriundas de diversas antigas minas. No meu caso, integrado no painel de História, abordei, a partir do romance O Volframista o contexto histórico político e social da corrida ao ouro negro que teve lugar em Portugal, nomeadamente aquando da Segunda Guerra Mundial. Não deixei de circunstanciar o contexto da exploração e da comercialização de volfrâmio por parte do governo de Salazar aos ingleses e aos alemães bem como o intenso negócio clandestino de volfrâmio no mercado paralelo. Deixei uma breve pincelada sobre o aumento da procura que está a ocorrer atualmente no mundo, deste metal, fruto da escalada armamentista que estamos a viver. Este congresso contou com a presença de Ferro Rodrigues no s...

Diz o povo. Provérbios de junho

  Junho, foice em punho. Junho calmoso, ano formoso. Para junho guarda um toco e uma pinha e a velha que o dizia guardados os tinha. Junho abafadiço sai a abelha do cortiço. PROVÉRBIOS NESTE SITE | E NESTE

Análise de "O Volframista" pelo Rodrigo Santos, aluno do 9.º Ano, em Sátão

  Quando fui falar sobre O Volframista à Biblioteca da EscolaSecundária de Sátão sorteei um livro pelos alunos do 9.°D com a condição de o aluno a quem saísse o livro ter de efetuar uma breve resenha do mesmo após a sua leitura. Por sorteio, o contemplado foi o Rodrigo Santos que, passadas poucas semanas e em cumprimento do compromisso me fez chegar um texto delicioso que publico de seguida. Um agradecimento ao Rodrigo Santos e às professoras que me convidaram para falar com os seus alunos. “Achei a leitura interessante porque apresenta uma parte da história de Portugal que normalmente não vemos com tanto detalhe. A descrição da vida nas aldeias, o medo causado pela ditadura e as dificuldades das pessoas tornam a história muito realista. Os personagens estão bem construídos e sentimos empatia por eles, mesmo quando tomam decisões erradas.   A escrita é clara e acessível, o que facilita a leitura. Além disso, gostei da forma como o senhor conseguiu ensinar história de ...

“A Casa Morreu” é o novo projeto da Amarelo Silvestre

  “A habitação não anda direita, apesar de ser um direito”. De facto não. E não porque “há tanta gente sem casa e tantas casas sem gente”. Pode-se dizer que é em torno disto, da falta de habitação e do negócio imobiliário que este projeto da Amarelo Silvestre, de Canas de Senhorim, se move. E move-se bem. Com três atores em palco e uma vasta equipa em bastidores, este projeto de teatro e de fotografia vai colocando o dedo na ferida de um problema que a política e os políticos não resolvem, não têm resolvido. Nenhum. O secretário, a tesoureira, o vereador, o presidente, a primeira-ministra, a casa da democracia… Ninguém. Não é fácil ser poeta em tempo de prosa, mas gostei do murro, dos murros no estômago que levei, que levamos ao longo de 75 minutos: deixem legislar os poetas; quem não casa também quer casa; a casa lar; desejo despejo; camas quentes … Que belo olhar artístico nos traz este Diário de uma República III, depois de no Diário de uma República I e Diário de uma Re...

A aventura da passagem de António Guterres pelo Sátão

  Corria o ano de 1995. Era ano de eleições legislativas, depois de Cavaco Silva ocupar a cadeira de primeiro-ministro há dez anos consecutivos. António Guterres, o secretário-geral do PS, para tomar o pulso ao país, decidiu organizar uma caravana que desse a volta a Portugal. Designada “Por uma nova maioria”, essa caravana era constituída por um autocarro onde se deslocava António Guterres, vários dirigentes socialistas e jornalistas dos diversos órgãos de comunicação social. Em cada distrito, a caravana era acompanhada por carros dos socialistas locais, que se lhe juntavam. No distrito de Viseu, o traçado, previamente elaborado, não integrava a passagem pelo concelho de Sátão. A caravana vinha de Lamego e Moimenta da Beira, passava por Vila Nova de Paiva e dirigia-se a Viseu onde haveria um almoço com os comerciantes, na Federação dos Vinhos. Os socialistas de Sátão, face à exclusão do seu concelho do itinerário, revoltaram-se e começaram a manifestar o seu descontentamento...

O povo falou. Resta aos democratas aceitar

  O povo falou. Resta aos democratas aceitar. Uma saudação à AD pela vitória e ao Chega pela subida inequívoca. À IL e ao Livre um elogio pelo seu desempenho eleitoral. Ao PS, o meu partido, resta saber interpretar os maus resultados que obteve com a certeza de que o eleitorado soberanamente decidiu. Pedro Nuno Santos, que daqui saúdo, já extraiu as suas ilações. Outros o façam. Uns para se posicionarem como candidatos, outros para perceberem que estes tempos são diferentes. A estratégia política para o próximo futuro (médio prazo), em minha opinião, deve “Deixar o Luís trabalhar”. O meu compromisso cívico e político continuará a ser com a liberdade, a democracia, a solidariedade e a responsabilidade social, a economia de mercado, o forte apoio ao interior (a bem do litoral, diga-se), a justiça fiscal… e tudo isto dentro dos valores do respeito pela dignidade humana. Acácio Pinto 19.03.2025

O Cardeal de Nepomuceno, um policial excessivamente intrincado

Conhecia o Nuno Nepomuceno das redes sociais e das inúmeras vezes que o algoritmo me mostrava os seus livros. E como “água mole em pedra dura tanto dá até que fura”, chegou o momento de ler uma das suas obras. O Cardeal . Trata-se de livro que vou considerar, dentro da ficção, como um policial, cheio de suspense e de mistério, escrito com reconhecida fluência por alguém que se percebe, desde o início, dominar eximiamente este tipo de escrita. É uma empolgante narrativa onde o autor vai libertando gradualmente diversos elementos e pormenores que visam prender o leitor relativamente a crimes que aconteceram em Cambridge e no Vaticano. Direi mesmo que o intrincado das causas dos crimes e as conexões estabelecidas entre eles são, em minha opinião, ilimitada e excessivamente criativas. Para quem gostar de policiais, de urdiduras complexas, de cenas com alguma dose de surrealismo, tem aqui uma obra para ler. TÍTULO: O Cardela AUTOR: Nuno Nepomuceno EDIÇÃO: Autor e Cultura Edit...

Qualidade de Ouro para a praia do Trabulo

  Foto: Letras e Conteúdos A praia do Trabulo foi mais uma vez distinguida com o galardão “Praia com Qualidade de Ouro 2025”. A distinção foi atribuída pela Quercus a 425 praias das quais 363 são costeiras e 48 são interiores. No distrito de Viseu, das cinco interiores que foram distinguidas uma é do concelho de Sátão, a praia fluvial do Trabulo, no rio Vouga.   As restantes são: A Praia da Carriça, em Oliveira de Frades; a Senhora da Ribeira, em Santa Comba Dão; a de São João do Monte, em Tondela; a de Segões, em Moimenta da Beira. Este galardão, “Praia com Qualidade de Ouro”, é atribuído anualmente pela Quercus e distingue a qualidade da água balnear das praias de portuguesas, com base, exclusivamente, em análises efetuadas nos laboratórios das diferentes Administrações Regionais Hidrográficas.

Maldito Minério: uma novela rural com volfrâmio à mistura

  Acabei de ler o livro maldito minério , de A. F. Caseiro Marques. Trata-se de uma novela passada em contexto marcadamente rural que nos transporta aos tempos da exploração de volfrâmio em Portugal. Aos tempos da febre do ouro negro. Era um livro que andava para ler desde que O Volframista ganhou o prémio literário cónego Albano Martins de Sousa em 2022, quando, nessa ocasião, um dos elementos do júri, Carlos Paixão , se referira a ele. É bem verdade que, não ocupando o volfrâmio o cerne da narrativa, ele serviu para que o autor nos trouxesse um sem fim de histórias de aldeias bem do interior Portugal. Distribuídas, principalmente, pelos concelhos de Aguiar da Beira, Trancoso, Celorico da Beira e Fornos de Algodres, o grosso da ficção está ancorado na aldeia de Carapito. O centro da narrativa desenvolve-se numa viagem de comboio que a personagem principal, Francisco, efetuou desde a estação de Celorico da Beira até Coimbra. E é exatamente durante esta viagem, numa carruagem...

Eucalipto de Contige imortalizado em livro

  EUCALIPTO DE CONTIGE – Árvore Portuguesa Do Ano 2023 é o título do livro escrito por Carlos Paixão que visa celebrar a árvore que há dois anos se sagrou vencedora do concurso de árvore nacional desse ano. Apresentada na associação de Contige, nesta sexta-feira, 9 de maio, dia em que se assinalam 914 anos do foral de Sátão, esta publicação foi editada pela Junta de Freguesia de Sátão. Neste livro, o autor traça na primeira parte o processo da candidatura e da eleição como árvore nacional e na segunda parte apresenta memórias / depoimentos de pessoas de, ou com ligações a, Contige sobre o eucalipto, desde a plantação, que remonta ao século XIX, até acontecimentos vários durante o século XX e atualidade. Recorde-se que o eucalipto de Contige foi considerada a maior árvore classificada de Portugal pela Universidade de Aveiro e foi candidata a Árvore Europeia do ano 2023 . Com esta edição ficamos com um livro que imortaliza o eucalipto de Contige e lega às gerações vindo...

Acácio Pinto apresentou O Volframista a alunos de Sátão

  Nesta quarta-feira, dia 7 de maio, Acácio Pinto efetuou duas sessões de apresentação do romance O Volframista na Biblioteca da Escola Secundária Frei Rosa Viterbo de Sátão, uma para alunos do 12.º ano e outra para alunos do 9.º ano. Enquadrada na programação da biblioteca, esta iniciativa contou com o apoio das professoras de História, Augusta Meireles e Conceição Lima, bem como da bibliotecária, a professora Céu Cunha. O autor começou por efetuar a contextualização política, social e económica de Portugal, nos anos 40 do século XX. Nessa época o nosso país foi assolado por uma intensa exploração de volfrâmio (ou tungsténio) cujo destino eram as indústrias de armamento alemã e britânica, os dois principais contendores da Segunda Guerra Mundial. Segundo Acácio Pinto, a trama do romance O Volframista desenrola-se neste contexto de grande procura de volfrâmio. E foi assim, no negócio do ouro negro, como era chamado, que a personagem principal enriqueceu rapidamente mas, frut...

A Festa dos “cantarinhos floridos” de Quiaios

  Bem sei que são mais conhecidos por “potes floridos”, mas gostei particularmente de lhe ter ouvido chamar “cantarinhos”. - Cantarinhos ou cantarinhas? – questionei, eu. - Cantarinhas é em Buarcos, aqui são os cantarinhos – disse-me a minha interlocutora, com a experiente certeza dos muitos anos já vividos. Foi, pois, no dia 1 de maio deste ano que fui surpreendido por uma deliciosa ‘manifestação’ de mulheres com cantarinhos floridos à cabeça, pelas ruas da vila de Quiaios. O ritmo, mais de marcha ou de valsa, era marcado pela tuna que acompanhava aquela arruada. Apreciei, mais de perto, pouco depois, todo aquele aparato no largo padre Costa e Silva. As mulheres, as crianças, os cantarinhos e os inúmeros cestos com flores. Os cantarinhos, o centro de todo aquele décor , ostentavam exteriormente arranjos florais sofisticadíssimos, quais vestes domingueiras feitas em segredo, brotando do seu interior flores diversas. E se os cravos dominavam, por lá também havia estrel...