Os amigos também partem
Há pessoas assim. Que nos marcam. Que são marcantes e referenciais das nossas vidas. Pessoas que, por desígnios insondáveis, se tornam nossas. Que adotamos. Com quem gostamos muito estar. Com quem queremos muito estar.
São pessoas que nos acompanham. Nas alegrias, mas sobretudo nas tristezas e nas partidas que a vida nos prega. Que a vida também lhes prega.
Há pessoas assim. Que são farol. Que traçam caminhos. Que lutam. Por ideias. Perdendo umas vezes e ganhando tantas outras. Mas sempre de forma convicta. Convictamente defendendo as suas ideias. Os seus ideais.
Sim, falo do José Junqueiro. Do JJ, como carinhosamente lhe chamávamos.
Partiu. Partiu de rompante.
E não há forma de sabermos lidar com isto. Não há qualquer racional que nos valha.
A morte chegou em silêncio. Fria. E silenciosamente levou-o. E levando-o levou tanto de nós. Da nossa vida.
Partiu hoje, não resistindo à última batalha que quis travar. Que travou.
Fica. Fica o seu exemplo. A sua determinação. A sua capacidade de trabalho. De ir à luta. De construir futuros. De fazer.
Telefonou-me no sábado dizendo-me da batalha que o aguardava. E disse-me mais, que já tinha organizado documentos. Os documentos que nos iriam permitir recuperar memórias. Memórias do PS. De Viseu. Do país.
Não. Não voltámos a falar. Mas fica ciente de que nós continuaremos a falar. De ti.
Recordo-te. Recordar-te-ei com gratidão. Como um frater de tantos caminhos. De tantas jornadas.
Abraço solidário à Jacinta, ao Raul, ao Zeca, ao Luís André e a toda a família.
Acácio Pinto, 16 de julho de 2025