Agostinho Oliveira, António Oliveira, Agostinho Oliveira. Avô, filho, neto. Três gerações com um mesmo denominador: negócios, empreendedorismo. Avelal, esse, é o lugar da casa comum.
O avô, Agostinho Oliveira, conheci-o há mais de meio século,
início dos anos 70. Sempre bonacheirão e com uma palavra bem-disposta para
todos quantos se lhe dirigiam. Clientes ou meros observadores. Fosse quem
fosse. Até para os miúdos, como era o meu caso, ele tinha sempre uma graçola
para dizer.
Vendia sementes de nabo que levava em sacos de pano para a
feira. Para os medir, utilizava umas pequenas caixas cúbicas de madeira. Fossem
temporões ou serôdios, sementes de nabo era com ele!
Na feira de Aguiar da Beira, montava a sua bancada, que não ocupava mais de um metro quadrado, mesmo ao lado dos relógios, anéis e cordões de ouro do senhor Pereirinha, e com o cruzeiro dos centenários à ilharga.
O pai, António Oliveira, conheci-o mais tardiamente. Já nos meus tempos de adolescência, depois da revolução de Abril. Nas incursões à feira de ano de Avelal. Ali estava o seu café à entrada da feira. Imponente, grandioso. Ali se vendia de tudo um pouco. Ainda me lembro das campanhas imbatíveis e arrasadoras da cerveja.
Mais tarde comecei a frequentar o café com maior assiduidade
e há cinco anos, dois dias antes da sua prematura morte, ali estive a conversar
com ele (muito gostava ele de conversar!). Guardo, pois, essa boa memória, de
um homem bem-disposto, que aproveitava as oportunidades para introduzir sempre
uma piada, de preferência futebolística, em favor do seu Sporting, sabendo-me
ele benfiquista, e que quis, nesse dia, despedir-se de nós, (tantos atos
premonitórios que a vida comporta!) oferecendo as bebidas que ali tomei com o
Fernando Amaral. Diga-se, morreu sem ver o seu SCP campeão, 19 anos volvidos!
O neto, Agostinho Oliveira, como o avô, conheci-o na escola
primária de Rãs. Acompanhava sempre a mãe, professora (que também partiu
prematuramente!) nas reuniões do conselho escolar que eu, professor do 1º ciclo
na escola de Soito de Golfar e Vila Longa, também integrava.
Nutri pelo Agostinho, desde a primeira hora, nesses idos meados dos anos 80, um
especial carinho, pela sua irreverência, pela sua irrequietude.
E eis que, há escassos anos, a morte do seu pai trouxe à
tona, mais uma vez, toda a mercancia que correu e percorre as veias e artérias
destas três gerações.
Abandonando a sua atividade profissional, na área da saúde,
atirou-se de cabeça e alma a esta nova empreitada e hoje, depois de grandes
investimentos, o café do seu pai deu origem a um espaço comercial moderno,
funcional e multifacetado. Criou vários postos de trabalho e a pandemia levou-o
a inovar, tendo sido, na região, pioneiro nas entregas porta a porta.
A marca que criou, Janeira, é de família. Não consta da
cédula de nascimento de nenhum deles, mas constava e consta na voz com que o
povo os chama.
Parabéns, Agostinho, sucesso para o teu sonho, para o teu
negócio, para o teu centro comercial, JANEIRA.
A fama, afinal, vem mesmo de longe!
AP - junho de 2021