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A mostrar mensagens de janeiro, 2021

Terra Molhada

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Terra. Terra molhada. Somos terra molhada. Terra que se abre a cada arado que a sulca e se entrega a cada semente que a escolhe. Terra que fecunda e se fecunda em cada sementeira. Terra que em cada ano se renova e em cada estação se veste com roupas de ontem, tantas vezes em tempos de amanhã. Somos e seremos terra molhada. [©Letras e Conteúdos]

Não, não te conhecia!

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Não te conhecia de lado nenhum. Nunca te houvera visto. Nunca. Nunca houvera visto o teu vulto nem, sequer, houvera visto a tua sombra a escapar-se numa qualquer esquina das ruas de acesso ao largo do Camões ou nas vielas do bairro Alto. Mas nunca é mesmo nunca, pese embora Lisboa, a do Pessoa ou da Natália, ser muito pródiga em encontros. Em encontros inopinados e em sequentes proximidades nos vãos de menor crepúsculo. Sombrios. Mesmo cegos. Foste, assim como, a estrela mais longínqua do sistema solar. Aquela que era invisível. Aquela que nunca esteve ao alcance dos zooms, tantas vezes, aqui e ali feitos. Aquela que percorria as suas rotas no ocaso do meu quotidiano. Até um dia. Há sempre um dia. Um dia em que, de uma qualquer rua da Graça ou de um qualquer quarteirão de Carnide, um cometa esvoaça. Começa sempre por ser cometa. Luminoso, fascinante, fugaz. Um raio que nos cega e nos apela a códigos em braile. Uma luz que perpassa uma lente convexa e nos queima a pele. E quando

Robalos de Quiaios no forno com marmelos e curgete

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Este é um daqueles pratos em que a gula nos encosta à parede! Não se lhe resiste! E se achar que a razão não nos assiste - se gosta de robalo, do mar, está claro! - experimente e dê-nos a sua opinião que, estamos convictos, corroborará a nossa! INGREDIENTES para 4 pessoas 2 robalos de mar, de 1 kg cada, comprados no mercado de Quiaios 6 marmelos 1 curgete 2 batatas 4 cebolas 4 tomates 4 dentes de alho picados Azeite 2 copos de vinho branco Alecrim e louro Sal a gosto MODO DE PREPARAÇÃO Cubra o fundo de um tabuleiro com cebola às rodelas colocando de seguida os robalos por cima. Disponha os marmelos às fatias, a curgete e as batatas às rodelas em volta dos robalos. Depois, parta os tomates e distribua-os por todo o tabuleiro e regue com azeite (a gosto), acrescente um copo de vinho branco e coloque dois raminhos de alecrim e louro dentro de cada robalo. Unte os robalos com azeite e alho picado. Não esqueça de colocar uma pitada de sal (a gosto

Do Demo se chamam!

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Do Demo se chamam. Desde há cem anos. Desde o tempo em que a primeira guerra se finara e um republicano inteiriço e insubmisso as timbrou. E timbrando-as no-las deixou com uma marca forte, indelével, de ferro em brasa que não mais se apagou. São do Demo, são terras da Lapa, de nossa senhora, ou de todos os demais santos altaneiros, são terras da Nave ou de Leomil. Não, do diabo não eram. Não, do demónio não são. E se cem anos levam como Terras do Demo, muitos mais levam, de anos perdidos nas brumas do tempo. Muitos mais de cem, de milhares, sempre amanhadas e esventradas por gentes rijas que as fecundavam com as mãos rudes e tão doces, de quem sempre lhes quis dar fino trato. Não, do pecado também não são, porque o pecado ali não era "mais grado" nem revestia "aspecto especial que não tivesse algures". Não é que o belzebu por ali não atentasse as almas. Por ali não fizesse das suas. Por ali se intrometesse menos que alhures. Nada disso. E é por i