Acácio Pinto com uma t-shirt vermelha em que se pode ler “O general do povo” (junho de 1974) A carreira das nove, como era conhecida, apesar do seu horário ser às nove menos dez, subia vagarosamente de Douro-Calvo para a Rãs. Naquele troço, a estrada tinha um acentuado declive e do motor, ruidoso e em esforço, saía pelo cano de escape uma grande fumarada negra. Era tempo de pegar na mala dos livros e no cesto de vime com o almoço e esperar a sua iminente chegada para mais uma viagem. O ritual era todos os dias o mesmo, desde há cinco anos. Ir de Rãs para o colégio de Aguiar da Beira, de manhã, e fazer o sentido inverso ao final da tarde. Até àquele momento, aquela quinta-feira, 25 de abril de 1974, fora em tudo igual às demais. A minha mãe levantara-se às 6 da manhã, para acomodar os porcos e as cabras, para abrir as galinhas e para fazer o almoço que eu teria de levar para o colégio. Depois, às oito menos um quarto, acordava-me, mas era rara a vez em que eu me levantava à pr...
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