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A mostrar mensagens de 2020

Ai estes anos bissextos!

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  Era eu miúdo e lá vinha, na noite de passagem de ano, o presságio pela boca do meu avô ou da minha avó: o ano que vem é bissexto, vai ser um ano travesso! Bom, e o que é facto é que, debaixo daquele vaticínio, tudo quanto de mau acontecia no ano seguinte era atribuído ao bissexto e ao vigésimo nono dia de fevereiro, pois então! Era a porca que paria e uns quantos leitões morriam e lá vinha o bissexto. Era a geada tardia que queimava as batatas e lá vinha o bissexto. Era a trovoada e “pedra” que caía em julho e estragava as uvas e lá vinha o bissexto. Era o verão que abrasava e o milho definhava e lá vinha o bissexto. Eram as cenas de pancadaria e cabeças rachadas nas festas e romarias por entre uns tintos bem bebidos e lá vinha o bissexto. Era a vaca que não “alcançava” depois de ir ao boi e lá vinha o bissexto. Era, assim como, um ano negro, de breu, um inferno, sem tirar nem pôr. Até que surgiu 2020. Sim, para repor essa milenar “sabedoria”. Depois desse saber ter

Murganheira: O melhor espumante de Portugal!

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Ficam no concelho de Tarouca, em Ucanha, a norte do distrito de Viseu, e são um mundo escondido sob aquela colina revestida pela vinha alinhada e bem verde, no verão, antes da colheita das uvas touriga, tinta roriz, gouveio, cerceal, chardonnay ou pinot. Trata-se das Caves da Murganheira e ali estão há mais de 50 anos. Situadas num espaço magnífico de transição entre a Beira e o Douro, as Caves da Murganheira conjugam modernidade e tradição. A modernidade do edifício onde se comercializa e prova o segredo encerrado em cada garrafa de espumante e a tradição das galerias das caves "escavadas" a pólvora e dinamite naquele maciço de granito azul. E se no edifício de prova - com um amplo salão, moderno e funcional, com uma ampla janela aberta sobre a magnífica paisagem vinhateira, que encantou os cistercienses - é necessário ar condicionado para manter uma temperatura, que contraste com o agreste calor estival, já nas galerias subterrâneas a temperatura não quer saber das esta

Eucalipto de Contige, em Sátão - Viseu: A maior árvore de Portugal

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O eucalipto de Contige, considerada "a maior árvore classificada de Portugal", pela insuspeita Universidade de Aveiro, é um dos grandes ex-libris do concelho de Sátão, distrito de Viseu. Localizado à beira da antiga EN 229, no cruzamento daestrada municipal que liga ao centro de Contige , esta árvore, cuja plantação remonta, segundo aquela universidade, "provavelmente, a 1878, quando se abriu a Estrada das Donárias, é um dos maiores eucaliptos classificados ao momento em Portugal" sendo mesmo "recordista com 11 m de perímetro à altura do peito". Com o nome científico de Eucaliptus globus Labillardière, o eucalipto de Contige "terá pertencido à família Soares de Contige, ou a duas famílias (Garcia de Mascarenhas e Xavier do Amaral Carvalho) que se uniram em casamento no século XIX" e que "aquando da construção da estrada, e da expropriação do terreno, a monumentalidade deste exemplar terá contribuído para a sua salvaguarda, não tendo por is

Mutex, em Cebolais de Cima, Castelo Branco: Um espaço que nos captura!

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Há espaços assim! Que nos capturam. Que se vestem de nós e em nós desde o primeiro minuto. Desde aquele momento primacial em que ainda mal abrimos os olhos e já só temos olhos para eles. São espaços mágicos. Espaços em que até os poros absorvem a magia das cores e a textura dos materiais para acrescentarem oxigénio ao que temos pela frente. Falo de um museu. Sim, de um museu. Parado? Quieto? Mudo? Silencioso? Não, nada disso. Falo de um museu vivo. De um museu que comunica. Que marca o ritmo de quem o visita. Ritmado pelos ruídos das engrenagens. Infinitamente engrenado por rodas dentadas que cardam a lã crua e entrelaçam os fios da manta final. Um museu tecedor de telas sonhadas. Falo de um museu. De um depósito de património industrial em desuso? De máquinas e peças soltas de uma arqueologia industrial de outrora? De cardas e teares em final de período de validade? Sim. Mas, não. Não é disso que se trata. Trata-se de um espaço de memória. Da memória das telas esculpidas p

A cidade morre quando ninguém adormece ao acordar

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A s cidades são como os seres vivos. Também nascem. E morrem, morrerão. Um dia, longínquo, quantas vezes indeterminado, uma qualquer pedra rolada fecundou um útero. Foi fundadora de um organismo. De um aglomerado. Foi sémen brotado nas margens de um rio espraiado ou de uma qualquer ribeira a despenhar-se serra abaixo. Foi rua. Foi casa. Castelos e palácios. Pontes, muitas. De união de povos. Tantas de propagação de ódios. E as cidades nasceram. Cumpriram-se. Nas funções ilimitadas que sempre a viveram. Que a vivem. Todos os dias se cumpriram. Se cumprem. Muito na proximidade. Cumpriam-se quando o adormecer e o amanhecer se sobrepunham! Cumpriam-se no "bairro mais alto do sonho". Onde borbulhavam. Efervesciam. Eram ébrias. Eram feras masculinas e femininas em danças sombrias! Cumpriam-se nos corredores corrompidos por poderes fátuos. Cumprem-se, sem máscara, nas azinhagas de consumos escondidos. Também se cumprem, ainda agora, em cada noite que passa, nas cantinas das so

Em rodagem!

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Estamos sempre em rodagem! Todos os dias. Desde o primeiro. Nada de novo, afinal. Ou, afinal, novo é sempre cada momento da vida. Cada chegada a um qualquer porto. Cada partida! Cada areal que nos acolhe. Cada agora em que nos encontramos. Cada aqui que nos envolve. É assim a vida. A nossa deriva. A de todos e a de cada um. Em busca permanente. De felicidade. Quantas vezes, pouca, porque buscadores de absolutos. Porém, ela está aí! Na tranquilidade. Na serena volúpia da dádiva. Em rodagem! Em cada dia. Sempre a rodar as cenas do filme. Deste nosso filme de vida onde os  takes  se sucedem em cada horizonte que transpomos. Onde os  zooms , tantas vezes, nos levam à colisão com prazeres simples. Nos proporcionam mais uma descoberta. Nossa. De mais uma peça que encaixa no puzzle! Neste nosso labirinto de saudade. De memórias. De todas as memórias. Até das memórias de futuros. Em rodagem! Por aí. Pelos  terroirs  da emoção e do desassossego. Sim, a oriente pelos amarelos de trigo da meseta