Mutex, em Cebolais de Cima, Castelo Branco: Um espaço que nos captura!


Há espaços assim! Que nos capturam. Que se vestem de nós e em nós desde o primeiro minuto. Desde aquele momento primacial em que ainda mal abrimos os olhos e já só temos olhos para eles. São espaços mágicos. Espaços em que até os poros absorvem a magia das cores e a textura dos materiais para acrescentarem oxigénio ao que temos pela frente.

Falo de um museu. Sim, de um museu. Parado? Quieto? Mudo? Silencioso? Não, nada disso. Falo de um museu vivo. De um museu que comunica. Que marca o ritmo de quem o visita. Ritmado pelos ruídos das engrenagens. Infinitamente engrenado por rodas dentadas que cardam a lã crua e entrelaçam os fios da manta final. Um museu tecedor de telas sonhadas.

Falo de um museu. De um depósito de património industrial em desuso? De máquinas e peças soltas de uma arqueologia industrial de outrora? De cardas e teares em final de período de validade? Sim. Mas, não. Não é disso que se trata. Trata-se de um espaço de memória. Da memória das telas esculpidas por mãos serranas de operários morenos. De operárias calejadas pelo frio da serra ali ao lado. A da Gardunha e da outra, sim, a da Estrela, mais além. Trata-se de um espaço de homenagem. A todos. Aos trabalhadores, pois então, e, de igual modo, aos pioneiros, aos empreendedores que em tempos de peste não baquearam ante as incertezas de guerras segundas ou primeiras.

Falo de um museu de experiências e de desafios. De experiências singulares, únicas, com hardwares pesados e grandiosos, em tempo de softwares invisíveis. E de desafios. De desafios à criatividade dos visionários que permitiram que nos deliciemos com este equipamento, mas que não se confortem nesta obra. Que continuem, pois, a ousar!

Falo, pois, de um museu. Já todos perceberam! É o museu dos têxteis. É o Mutex, em Cebolais de Cima, Castelo Branco.

Façam-lhe uma visita. Deliciem-se!

[©Letras e Conteúdos]