A propósito dos 250 anos da cidade de Castelo Branco: dois selos de há 50 anos e outros confinamentos!


Os tempos eram outros. De outros confinamentos. Dos confinamentos circunscritos à aldeia. Ao terroir natal.

Desconfinar? Isso era só de quando em vez para ir à vila ou à cidade. Só que esse desconfinamento só acontecia por imposição de uma inoportuna malina que nos batia à porta. Por lazer, isso era só para ir ao Sátão, à feira dos 20, onde se vendiam as vacas e se comprava uma nova junta para as sementeiras de outono, onde se comia melão e febras na brasa e os mais velhos bebiam vinho tinto, do pipio, pois para os miúdos era a laranjada.

A Viseu? Era só de dois em dois anos, para ir à Feira Franca andar no carrossel! A Castendo? Só quando o rei fazia anos pares, para ir ao senhor Genésio, tratar da roupa para a Páscoa.

Vem isto a propósito dos selos! Sim, colecionar selos era um passatempo adequado às sestas de verão, quando o calor abrasava ou às noites frias de inverno, à lareira, nesses confinamentos de outrora.

E hoje, que Castelo Branco assinala os 250 anos de elevação a cidade, eis que dou comigo a folhear um dos álbuns de selos das décadas de 60 e 70 do século XX e deparo-me com dois exemplares que, à data, assinalaram, precisamente os 200 anos.

Corria o ano de 1971 e os CTT quiseram associar-se à efeméride (1771-1971) da elevação de Castelo Branco a cidade, com a edição de um conjunto de selos alusivos àquela capital de distrito e da, outrora, província da Beira Baixa que, afinal, nunca deixou de o ser. De uma cidade e de um território onde sobejam marcas indeléveis de património construído que nos remetem para povoamentos ancestrais, de patrimónios imateriais que nos estampam as culturas de um povo e de singularidades naturais, perenes, que as palavras não traduzem.

Aqui ficam esses dois exemplares de selos, um de 1$00 e outro de 3$00 e aqui fica, pois então, essa memória dos tempos de outros confinamentos, em Rãs, na Beira Alta.