Codex XXV é um livro de Afonso Carrega que deixa ecos.
Lembrei-me de uma frase de Goethe a propósito do livro de
poemas Codex XXV, de Afonso Carrega. Dizia, aquela polímato alemão, há 250
anos, que “no mundo há muitas frases mas poucos ecos”, situação que encontra um
enorme paralelismo com esta atualidade efervescente, de ditos e gritos num sem
número de plataformas digitais.
Pois é, vivemos hoje, de facto, um tempo em que somos
completamente submergidos por inúmeros textos, inúmeras proclamações, inúmeras
frases e muitos poemas, sem que nenhum, quase nenhum, ecoe e soe bem fundo
dentro de nós. Tenha eco.
Ora, este Codex XXV é um livro de poemas, de muitos poemas
que deixam ecos. De versos e poemas “esculpidos de sentidos”, parafraseando
José Luís Peixoto, feitos de alma e de coração. Um livro em que, cada verso,
cada poema brota lá do fundo, da fonte onde nasce “uma canção para alguém”, “um
amor / só que seja” e o fruto “proibido inalcançável”, qual Sísifo empurrando a
pedra encosta acima.
Afonso Carrega, neste seu livro de capa branca, traz-nos a
brancura e a transparência de um jovem que sentiu, que sente, dentro de si, o
mais genuíno dos impulsos para escrever. De um jovem que, depois de estender as
raízes até ao ponto mais profundo do seu coração, responderia (respondeu) a
Rainer Maria Rilke (Cartas a um jovem poeta): sim, preciso, tenho necessidade
de escrever aquilo que me invade, “até na hora mais indiferente e irrelevante”
da minha vida.
Parabéns, pela aventura, pela ousadia da escrita!
Título: CODEX XXV
Autor: Afonso Carrega
Editora: Caderno do Século
Design: RJV Editores
Ano: janeiro de 2025
Nota: Cada um dos poemas tem um QR Code que nos remete para
uma app onde cada um dos poemas poderá ser escutado.
Recensão de Acácio Pinto