“A habitação não anda direita, apesar de ser um direito”. De facto não. E não porque “há tanta gente sem casa e tantas casas sem gente”.
Pode-se dizer que é em torno disto, da falta de habitação e do negócio imobiliário que este projeto da Amarelo Silvestre, de Canas
de Senhorim, se move. E move-se bem.
Com três atores em palco e uma vasta equipa em bastidores, este
projeto de teatro e de fotografia vai colocando o dedo na ferida de um
problema que a política e os políticos não resolvem, não têm resolvido. Nenhum.
O secretário, a tesoureira, o vereador, o presidente, a primeira-ministra, a
casa da democracia… Ninguém.
Não é fácil ser poeta em tempo de prosa, mas gostei do
murro, dos murros no estômago que levei, que levamos ao longo de 75 minutos:
deixem legislar os poetas; quem não casa também quer casa; a casa lar; desejo
despejo; camas quentes…
Que belo olhar artístico nos traz este Diário de uma
República III, depois de no Diário de uma República I e Diário de uma República II os temas terem sido a justiça e o
trabalho.
Eles vão andar por aí com “A Casa Morreu”. Espreite a
Amarelo Silvestre e não deixe de se colocar a jeito num dos auditórios que os
irá receber.
Ontem, eu assisti à antestreia no Auditório dos Bombeiros de Canas de Senhorim.
Parabéns.
Acácio Pinto, maio de 2025