Avançar para o conteúdo principal

Análise de "O Volframista" pelo Tiago Marques, aluno do 12.º ano, de Sátão

 

No dia 7 de maio fui falar sobre o meu livro O Volframista à Biblioteca da Escola Secundária de Sátão, para uma turma do 12.º ano.

Nesse dia decidi sortear pelos alunos um livro, tendo sido contemplado o Tiago Marques que agora me remeteu a sua análise.

Um agradecimento ao Tiago Marques e às professoras que me convidaram para falar com os seus alunos.

Eis a análise do Tiago:

O Volframista, de Acácio Pinto, é um romance histórico que transporta o leitor para o Portugal rural da década de 1940, durante a Segunda Guerra Mundial. A obra centra-se na figura de Abel Fernandes, um trabalhador rural que, em busca de uma vida melhor, envolve-se no lucrativo e clandestino comércio de volfrâmio, mineral estratégico utilizado na indústria armamentista. A narrativa explora as consequências desse envolvimento, incluindo ascensão social, amores proibidos, corrupção e tragédias pessoais.

Contexto histórico e enraizamento local

A história é ambientada nas regiões rurais e mineiras de Portugal, particularmente na Beira Alta, onde a exploração do volfrâmio teve grande relevância durante a guerra. O autor baseia-se em um fato real ocorrido no concelho de Sátão, adaptando-o ficcionalmente para criar uma história rica em detalhes históricos e sociais. A obra reflete sobre a dura realidade da época, marcada por racionamento, repressão política e desigualdade social, além de destacar a condição da mulher, frequentemente vítima de violência e abandono, independentemente da classe social.

Reconhecimento literário

Em 2022, O Volframista recebeu o Prémio Literário Cónego Albano Martins de Sousa na categoria de prosa, sendo elogiado pela crítica pela sua qualidade narrativa e rigor histórico. Os membros do júri destacaram a habilidade do autor em construir uma teia de relações e acontecimentos que mantém o leitor atento ao longo da trama, bem como o cuidado na pesquisa que fundamenta a obra.

Conclusão

O Volframista é uma obra que combina ficção e história, oferecendo uma visão profunda sobre um período crucial da história portuguesa. Com personagens complexos e uma narrativa envolvente, o livro não só narra uma história de ambição e tragédia, mas também serve como um testemunho literário das realidades sociais e políticas da época. É uma leitura recomendada para aqueles interessados na história de Portugal e na literatura que explora as suas raízes mais profundas.

Acácio Pinto

Mensagens populares deste blogue

Sermos David e Rafael, acalma-nos? Não, mas ampara-nos e torna-nos mais humanos!

  As palavras, essas, estão todas ditas. Todas. Mas continua a faltar-nos, a faltar-me, a compreensão. Uma explicação que seja. Só uma, para tão cruel desenlace. Da antiguidade até ao agora, o que é que ainda não foi dito? O que é que falta dizer? Nada e tudo. E aqui continuamos, longe, muito distantes, de encontrar a chave que nos abra a porta deste paradoxo. Bem sei que, quiçá, essa procura é uma impossibilidade. Que não existe qualquer via de acesso aos insondáveis desígnios. Da vida e da morte. Dos tempos de viver e de morrer. Não existe. E quando esses intentos acontecem em idades prematuras? Em idades temporãs? Tenras? Quando os olhos brilham? Quando os sonhos semeados estão a germinar? Aí, tudo colapsa. É a revolta. É o caos. Sermos David e Rafael, nestes tempos cruéis, não nos acalma. Sermos comunidade, não nos sossega. Partilharmos a dor da família, não nos apazigua. Sermos solidários, não nos aquieta. Bem sei que não. Mas, sejamos tudo isso, pois ainda é o q...

JANEIRA: A FAMA QUE VEM DE LONGE!

Agostinho Oliveira, António Oliveira, Agostinho Oliveira. Avô, filho, neto. Três gerações com um mesmo denominador: negócios, empreendedorismo. Avelal, esse, é o lugar da casa comum. O avô, Agostinho Oliveira, conheci-o há mais de meio século, início dos anos 70. Sempre bonacheirão e com uma palavra bem-disposta para todos quantos se lhe dirigiam. Clientes ou meros observadores. Fosse quem fosse. Até para os miúdos, como era o meu caso, ele tinha sempre uma graçola para dizer. Vendia sementes de nabo que levava em sacos de pano para a feira. Para os medir, utilizava umas pequenas caixas cúbicas de madeira. Fossem temporões ou serôdios, sementes de nabo era com ele! Na feira de Aguiar da Beira, montava a sua bancada, que não ocupava mais de um metro quadrado, mesmo ao lado dos relógios, anéis e cordões de ouro do senhor Pereirinha, e com o cruzeiro dos centenários à ilharga. O pai, António Oliveira, conheci-o mais tardiamente. Já nos meus tempos de adolescência, depois da revolu...

Ivon Défayes: partiu um bom gigante.

  Ivon Défayes: um bom gigante!  Conheci-o em finais dos anos oitenta. Alto e espadaúdo. Suíço de gema. Do cantão do Valais. De Leytron.  Professor de profissão, Ivon Défayes era meigo, afável e dado. Deixava sempre à entrada da porta qualquer laivo de superioridade ou de arrogância e gostava de interagir, de comunicar. Gostava de uma boa conversa sobre Portugal e sobre a terra que o recebeu de braços abertos, a pitoresca aldeia do Tojal, que ele adotara também como sua pela união com a Ana. Ivon Défayes era genuinamente bom, um verdadeiro cidadão do mundo, da globalidade, mas sempre um intransigente cultor do respeito pela biodiversidade, pelo ambiente, pelas idiossincrasias locais, que ele pensava e respeitava no seu mais ínfimo pormenor. Bem me lembro, aliás, das especificidades sobre os sons da noite que ele escrutinava, vindos da floresta, da mata dos Penedinhos Brancos – das aves, dos batráquios e dos insetos – em algumas noites de verão, junto ao rio Sátão. B...