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A revolução liberal pelo olhar de Senos da Fonseca

 


Senos da Fonseca, um polifacetado homem de múltiplos saberes, com várias formações no âmbito da engenharia mecânica e de máquinas navais, tendo desempenhado funções em inúmeras empresas públicas e privadas, com vasta obra publicada, traz-nos, num livro publicada em 2020, o seu olhar sobre os tempos conturbados vividos em Portugal aquando da revolução liberal nas primeiras décadas do século XIX.

Trata-se de uma rigorosa narrativa, ainda que breve, “da revolução de 1820 à de 1828”, como nos refere na capa, em subtítulo.

O elemento central e fio condutor para esta cronologia histórica, desde D. João VI até D. Pedro IV, passando pela luta fratricida entre liberais e absolutistas, que durante mais de uma década tiveram o país a ‘ferro e fogo’, é Joaquim José Queiroz. Este, natural do seu concelho, Ílhavo, desempenhou um papel proeminente em defesa das ideias liberais, primeiro liderando a sublevação de 16 de maio de 1828 em Aveiro, contra D. Miguel, que soçobrou e depois integrando-se na expedição de D. Pedro IV que partiu da Terceira, nos Açores, para desembarque a norte do Porto, em julho de 1832, esta que veio a ter êxito, depondo os miguelistas e recuperando-se a Carta Constitucional.

Este livro, com uma linguagem simples, oferece-nos uma leitura agradável e permite-nos estruturar, rapidamente, a História de Portugal, nesses agitados tempos das primeiras décadas do século XIX, volvidos que são 200 anos.

Refira-se, a título informativo, que o conselheiro Joaquim José Queroz, bacharel pela Universidade de Coimbra e avô do escritor Eça de Queiroz, foi juiz de fora em Mangualde, foi  juiz desembargador do tribunal da Baía e do Porto (a que presidiu), foi eleito deputado em várias eleições e foi ministro no 17º governo da monarquia constitucional.

Parabéns.

Título: A Luta pela Liberdade | Joaquim José Queiroz | Da Revolução de 1820 à de 1828

Autor / Editor: Senos da Fonseca

Páginas: 64

Ano de edição: 2020

Paginação e execução gráfica: officinadigital.pt

Recensão de Acácio Pinto

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