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"Queremos salvar os mais frágeis ou, apenas, salvar o sistema financeiro?"


O jornal Público, de hoje, dia 7 de março, traz nas páginas 18 e 19 uma excelente entrevista com Jorge Nuño (AQUI), secretário geral da Cáritas Europa, a propósito da apresentação em Portugal do relatório "O impacto da crise europeia" elaborado por aquela instituição.  
Para além de ter pedido aos ministros da solidariedade e da economia para reverem as atuais políticas, Jorge Nuño disse que o crescimento tem que estar no centro das políticas, algo que o PS e o seu secretário geral, António José Seguro, estão a dizer há mais de um ano e meio.
Deixo dois extratos, significativos, da entrevista e do seu pensamento sobre a atual situação:
«Queremos salvar as pessoas, salvar os mais frágeis na nossa sociedade, e oferecer às crianças a possibilidade de uma boa educação, para que possam no futuro, contribuir para o seu país? Ou queremos apenas salvar o sistema financeiro?»
«A principal conclusão é que as medidas de austeridade tomadas não estão a resolver o problema que pretendiam resolver. Não criaram crescimento e estão na raiz do problema de uma pobreza vindoura. Estão a criar uma pobreza estrutural, de longo prazo, e isso torna a situação nesses cinco países da Europa [Portugal, Espanha, Itália, Irlanda e Grécia] muito difícil.»

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