No dia 5 de
novembro de 2010 Passos Coelho dizia que as pessoas, que têm um orçamento a
cargo e que deixem resvalar a despesa e que não cumpram os objetivos definidos,
têm que ser responsabilizadas civil e criminalmente pelos seus atos.
Trago estas
declarações à liça pelo facto de estarmos, neste início de 2013, mais uma vez
confrontados com um completo falhanço nas metas orçamentais e no cumprimento de
todos os objetivos.
Não há uma única
previsão, uma que seja, que tenha sido cumprida neste último ano e meio.
Que dirá, agora,
Passos Coelho perante os seus próprios falhanços?
Dissequemos alguns
incumprimentos.
A dívida pública
atingiu no final de 2012 um valor de 203,4 mil milhões de euros o que
representa 122,5% do PIB, ou seja, mais 18,7 mil milhões do que no final do ano
anterior e um valor muito superior ao previsto.
O desemprego
atingiu em igual data o valor de 16,9%, sendo o dos jovens de cerca de 40%,
portanto, muito acima de todos os valores que constavam nos documentos oficiais
do governo.
O défice de
2012, que ainda não se conhece, prevê-se que seja de valor mais elevado (4,9%)
do que o acordado e definido (4,5%) pese embora todas as manobras de cosmética
efetuadas por Passos, Portas e Gaspar, como foi o caso das privatizações,
algumas, in extremis.
Ora para quem
dizia que iria consolidar as contas públicas e que iria efetuar cortes nas
gorduras do estado, percebe-se bem a hipocrisia de toda a sua dialética discursiva.
Mas o facto mais
relevante da última semana foi a declaração do ministro das finanças, Vítor
Gaspar. Com efeito, esse “e-co-no-mis-ta en-car-ta-do”, disse, finalmente, que precisamos
que nos deem mais tempo para corrigir o défice, ou seja, disse o óbvio.
Agora, se
juntarmos tudo isto aos cortes sociais, ao aumento de impostos, à redução dos
salários e das pensões, à falta de financiamento da economia, ao aumento dos
juros da dívida pública portuguesa, concluiremos com facilidade que o povo
português não aguenta mais austeridade e o PS tem a obrigação de o dizer
inequivocamente, como muito bem fez, esta semana, António José Seguro.
E diga-se que
nesta mesma linha se têm vindo a pronunciar outros cidadãos através de artigos
de opinião ou sob a forma de romance. Refiro aqui José Gil, filósofo, em artigo
que designou “o roubo do presente”; também Nuno Júdice, poeta, com o romance “a
implosão”; e ainda Manuel Alegre, com base nestes dois autores, em artigo no DN
a que colocou o sugestivo título “a implosão anunciada”.
(Infografia: Diário Digital)
(Infografia: Diário Digital)
Acácio Pinto
Notícias de Viseu