A equidade e a
inclusão, no sistema educativo, estão a sofrer o maior ataque das últimas
décadas pela mão deste governo e de Nuno Crato, um homem sapiente e
predestinado para efetuar uma reforma profunda no ministério da educação,
segundo aqueles que entendiam que tudo estava errado.
E Nuno Crato
cumpriu. Rapidamente se transformou no “comandante” de uma verdadeira deriva de
ataque ideológico à educação e à escola com o objetivo último da privatização do
sistema educativo. E o que é grave é que ainda possa haver quem creia que com
este caminho se aumenta a equidade e a inclusão na escola, pedras basilares de
qualquer política educativa.
Ou será que
queremos, novamente, voltar à educação só para alguns?
Começou por desdenhar
do trabalho, do rigor, dos currículos, da responsabilidade e da autonomia das
escolas, para implementar os seus conceitos. E nesse discurso de ataque ao
sistema, a sua voz foi-se juntando a toda uma teoria minimalista para o serviço
público de educação: do saber ler, escrever e contar. Foi enfatizando e
implementando a teoria dos que defendem que a educação tem que estar
exclusivamente ao serviço das empresas, mais do que ser um elemento
estruturante para a formação dos cidadãos. O ministério de Nuno Crato foi dando
sinais de que não pensa a educação como um elemento central na luta pela igualdade
de oportunidades, mas antes seletiva e reprodutora de exclusão, quando, por
exemplo, os relatórios da UNESCO associam o sucesso a sistemas altamente
inclusivos e fortemente integrados.
Mesmo com estas
e outras evidências internacionais, mesmo com estudos inequívocos que dão um
claro aumento no desempenho dos nossos jovens fruto do investimento dos últimos
anos, chamem-se PISA, TIMMS ou PIRLS, nem mesmo isso, fizeram ou fazem demover
Nuno Crato.
E aí vai ele,
de-vento-em-popa, no seu rumo. Extinguiu o programa novas oportunidades, atacou
as artes e a cidadania, aumentou as transferências de verbas para as turmas do privado,
criou exames no 4º ano, e agora enche a boca com o ensino dual e vocacional,
numa investida no sentido de promover uma seleção precoce para os alunos, ao
invés daquilo que a OCDE vem defendendo, a do adiamento da seleção académica.
Aqui chegados
importa, portanto, unir vontades e esforços no sentido de, juntos, fazermos
infletir as políticas deste ministério de Nuno Crato e os cortes cegos que este
governo quer efetuar nas funções sociais do estado e no consequente aumento das
desigualdades económicas e sociais.
Acácio Pinto
Jornal do Douro