Avançar para o conteúdo principal

[opinião] Cortar "à bruta" não é reforma, é suicídio!


Cortar 4 mil milhões de euros nas funções sociais do estado, como pretende o governo do PSD e do CDS, não é nenhuma reforma, é, quando muito, uma via verde para um tsunami social, para a liquidação das classes sociais mais frágeis.
Desde o início que o PS se opôs a este corte apelidado de reforma e igualmente desde o início disse que participaria num debate, mas sem que tivesse como condição prévia o corte de 4 mil milhões.
Há hoje, aliás, uma unanimidade sobre esta matéria. Todos se opõem a esta estratégia do governo, desde comentadores, a economistas, a personalidades, as mais diversas, mesmo da área política do governo.
Precisamos, temos, que mudar de paradigma. Temos que encontrar uma estratégia para sair da crise, para retomar o caminho do crescimento, da economia e do emprego.
António José Seguro, mais uma vez, na Assembleia da República apresentou a posição do partido socialista sobre esta matéria e, inclusivamente, elencou as cinco propostas do PS para a saída da crise:
i) parar com a austeridade, ou seja, disciplina e rigor orçamental sim, corte brutal nas funções do estado, não;
ii) estabilizar a economia, isto é, adotar medidas que estimulem o investimento e dinamizem a procura interna (p.e. redução do IVA da restauração; aumento do salário mínimo nacional e das pensões mais baixas; estabilização do quadro fiscal; plano de reabilitação urbana; financiamento das PME; criação de um banco de fomento…);
iii) criar um programa de emergência para apoiar os desempregados, mobilizando fundos comunitários para a qualificação e formação profissional dos desempregados sem qualquer proteção social;
iv) adotar uma estratégia realista para redução da dívida e do défice, ou seja, renegociação das condições, dos prazos e dos juros dos empréstimos obtidos;
v) promover uma agenda para o crescimento e para o emprego, através da captação de investimento direto, do fomento das exportações e do lançamento de um programa de substituição das importações por produção nacional.
E o que quer isto dizer? Que só parando com o ciclo recessivo e de austeridade se pode injetar confiança, perspetivar desenvolvimento, criar emprego e assim distribuir dinheiro pelas pessoas, ou seja, voltar a ter uma economia a funcionar.
Portanto: cortar “à bruta” 4 mil milhões de euros nas funções sociais do estado não é reforma, é suicídio.
Acácio Pinto
Notícias de Viseu

Mensagens populares deste blogue

Sermos David e Rafael, acalma-nos? Não, mas ampara-nos e torna-nos mais humanos!

  As palavras, essas, estão todas ditas. Todas. Mas continua a faltar-nos, a faltar-me, a compreensão. Uma explicação que seja. Só uma, para tão cruel desenlace. Da antiguidade até ao agora, o que é que ainda não foi dito? O que é que falta dizer? Nada e tudo. E aqui continuamos, longe, muito distantes, de encontrar a chave que nos abra a porta deste paradoxo. Bem sei que, quiçá, essa procura é uma impossibilidade. Que não existe qualquer via de acesso aos insondáveis desígnios. Da vida e da morte. Dos tempos de viver e de morrer. Não existe. E quando esses intentos acontecem em idades prematuras? Em idades temporãs? Tenras? Quando os olhos brilham? Quando os sonhos semeados estão a germinar? Aí, tudo colapsa. É a revolta. É o caos. Sermos David e Rafael, nestes tempos cruéis, não nos acalma. Sermos comunidade, não nos sossega. Partilharmos a dor da família, não nos apazigua. Sermos solidários, não nos aquieta. Bem sei que não. Mas, sejamos tudo isso, pois ainda é o q...

Frontal, genuíno, prestável: era assim o António Figueiredo Pina!

  Conheci-o no final dos anos 70. Trabalhava numa loja comercial, onde se vendia de tudo um pouco. Numa loja localizada na rua principal de Sátão, nas imediações do Foto Bela e do Café Sátão. Ali bem ao lado da barbearia, por Garret conhecida, e em frente da Papelaria Jota. Depois, ainda na rua principal, deslocou-se para o cruzamento de Rio de Moinhos, onde prosseguiu a sua atividade e onde se consolidou como comerciante de referência. Onde lançou e desenvolveu a marca que era conhecida em todo o concelho, a Casa Pina, recheando a sua loja de uma multiplicidade de ferramentas, tintas e artefactos. Sim, falo do António Figueiredo Pina. Do Pinita, como era tratado por tantos amigos e com quem estive, há cerca de um mês e meio, em sua casa. Conheceu-me e eu senti-me reconfortado, conforto que, naquele momento, creio que foi recíproco. - És o Acácio - disse, olhando-me nos olhos. Olhar que gravei e que guardo! Quem nunca entrou na sua loja para comprar fosse lá o que fosse? Naquel...

Ivon Défayes: partiu um bom gigante.

  Ivon Défayes: um bom gigante!  Conheci-o em finais dos anos oitenta. Alto e espadaúdo. Suíço de gema. Do cantão do Valais. De Leytron.  Professor de profissão, Ivon Défayes era meigo, afável e dado. Deixava sempre à entrada da porta qualquer laivo de superioridade ou de arrogância e gostava de interagir, de comunicar. Gostava de uma boa conversa sobre Portugal e sobre a terra que o recebeu de braços abertos, a pitoresca aldeia do Tojal, que ele adotara também como sua pela união com a Ana. Ivon Défayes era genuinamente bom, um verdadeiro cidadão do mundo, da globalidade, mas sempre um intransigente cultor do respeito pela biodiversidade, pelo ambiente, pelas idiossincrasias locais, que ele pensava e respeitava no seu mais ínfimo pormenor. Bem me lembro, aliás, das especificidades sobre os sons da noite que ele escrutinava, vindos da floresta, da mata dos Penedinhos Brancos – das aves, dos batráquios e dos insetos – em algumas noites de verão, junto ao rio Sátão. B...