Foto: Público |
Será que já não nos bastava:
o caos na colocação de professores...
a falta de pessoal não docente nas escolas...
milhares de alunos sem aulas...
704 MILHÕES de corte na educação em 2015... ... ...???
Será que ainda precisávamos desta notícia do Público?
"SECRETÁRIO DE ESTADO PLAGIA TEXTO..."
MÁ SINA ESTA!!!
Será que estes governantes "MANTER-SE-ÃO"?
A resposta é unânime: NÃO! NÃO PODEM.
PÚBLICO 2014-10-17
o caos na colocação de professores...
a falta de pessoal não docente nas escolas...
milhares de alunos sem aulas...
704 MILHÕES de corte na educação em 2015... ... ...???
Será que ainda precisávamos desta notícia do Público?
"SECRETÁRIO DE ESTADO PLAGIA TEXTO..."
MÁ SINA ESTA!!!
Será que estes governantes "MANTER-SE-ÃO"?
A resposta é unânime: NÃO! NÃO PODEM.
PÚBLICO 2014-10-17
NUNO SÁ LOURENÇO 17/10/2014 - 07:07
João Grancho copiou,
sem citar, dois textos académicos numa comunicação que apresentou num seminário
espanhol quando era presidente da Associação Nacional de Professores. O actual
governante recusa a acusação de plágio.
Foi num seminário académico espanhol, em 2007, que João
Grancho apresentou a sua comunicação. O agora secretário de Estado do Ensino
Básico e Secundário participou, como presidente da Associação Nacional de
Professores, numas Jornadas Europeias, em Múrcia, numa conferência sob o tema
“a dimensão moral da profissão docente”.
Sete anos depois, as dez páginas da sua participação – que
está publicada no site das Jornadas – levantam uma questão sensível. Em algumas
partes, o agora governante copia documentos anteriores, da autoria de outros
académicos, sem fazer qualquer referência aos autores originais.
Da parte do secretário de Estado, refuta-se a acusação de
plágio: "Pretender associar um mero documento de trabalho, não académico
nem de autor, nas circunstâncias descritas, a um plágio, é totalmente
inapropriado e sem qualquer sentido.”
Em causa estão, antes de mais, sete parágrafos no capítulo
sobre “Profissionalidade e Deontologia Docente”. Em mais de uma página, o texto
de Grancho reproduz partes de uma comunicação, assinada pelo professor do
Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, Agostinho Reis Monteiro. Um
trabalho que este apresentou em Outubro de 2001, em Lisboa, no seminário
“Modelos e Práticas de Formação Inicial de Professores”. O tema da comunicação
de Reis Monteiro era “Para uma Deontologia Pedagógica”.
João Grancho replicou, quase na totalidade, a introdução de
Reis Monteiro, além de um parágrafo de outra parte desse trabalho sobre a
“questão deontológica”.
Os excertos reproduzidos versam o tema da deontologia na
profissão de docente, abordando o carácter “crucial” da deontologia para o
“maior prestígio social” da “profissão do professor” e ainda a necessidade da
criação de uma comissão deontológica.
Mas o plágio não se limita a este autor. No capítulo final
da sua comunicação, Grancho replica outros três parágrafos (mais de uma página)
de um documento de trabalho da Comissão ad hoc do CRUP (Conselho de Reitores
das Universidades Portuguesas) para a formação de professores, cujo título é
“Por uma formação inicial de qualidade". Mais de metade desse capítulo –
representando mais de uma página - é retirado desse documento datado de Abril
de 2000, assinado, entre outros, por João Pedro da Ponte (que na altura
liderava o departamento de Educação da Universidade de Lisboa) e Isabel Cruz
(então vice-reitora da Universidade do Algarve).
Os excertos incidiam sobre o Estatuto do Docente Europeu. Aí
se pode ler – tanto no paper de Grancho como no de Ponte – a defesa da escola
enquanto “missão intelectual e social no seio da sociedade” no sentido da
“garantia dos valores universais e do património cultural”.
Apesar das cópias aos trabalhos anteriores, Grancho não
apresenta os excertos em causa como citações nem faz qualquer referência aos
autores originais. Isto apesar de a comunicação do secretário de Estado incluir
uma bibliografia em que são citados cinco autores, sem que nenhum destes sejam
Reis Monteiro ou João Pedro da Ponte.
A comunicação do actual governante foi apresentada nas
Jornadas Europeias sobre Convivência Escolar, uma acção de formação contínua
organizada pela Dirección General de Ordenación Académica, em colaboração com a
Dirección General de Formación Professional e Innovación Educativa. A primeira
entidade referida regula os títulos académicos na Comunidade de Múrcia
(Espanha). O seminário era dirigido a pessoal docente, e não só, e dava direito
a um certificado "equivalente a três créditos de formação", emitido
pelo Centro de Professores e Recursos daquela comunidade.
O PÚBLICO contactou as pessoas envolvidas. De acordo com a
resposta enviada pelo gabinete de imprensa do Ministério da Educação, a
comunicação feita na ocasião pelo actual secretário de Estado era um “mero
documento elaborado pela ANP”, servindo apenas de “suporte prévio a uma
intervenção oral do seu presidente” e que “mais não representa que o
alinhamento mais ou menos organizado de um conjunto de ideias de vários
pensadores”. A resposta acrescenta ainda que “intervenções com referência aos
escritos do professor Reis Monteiro eram recorrentes, em várias circunstâncias
e com o conhecimento do próprio”. Para “contextualizar”, é ainda destacada a
“afinidade entre o pensamento da ANP e o pensamento do professor”.
Sobre o segundo documento, o gabinete garantiu que o texto
de Grancho "não foi produzido para difusão pública tão pouco como obra
original do então presidente ou da própria ANP. A passagem em causa, como
outras que eventualmente possa conter de outros autores, não se pretendiam
assumir como documento de reflexão própria ou de produção original".
Por sua vez Reis Monteiro, depois de consultar os trabalhos
em causa, optou por não se alongar. Admitiu a “reprodução”, mas escusou-se a
fazer um juízo de valor sobre o sucedido. Já João Pedro da Ponte, director do
Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, foi mais assertivo. “Isto é
uma cópia integral, nem sequer houve trabalho de disfarçar”, disse ao PÚBLICO.
“É um tipo de prática que deve ser condenado na nossa sociedade e é de
assinalar que tenha sido feito por uma pessoa com responsabilidades na
Educação”, afirma.
Sobre a gravidade do sucedido, o professor universitário
acrescenta: “Nós no Instituto da Educação consideramos que – e explicamos isso
aos nossos alunos – é intelectualmente desonesto copiar um texto como se fosse
feito por nós, seja um texto científico ou qualquer outro texto.”
Casos na Europa
Nos últimos anos, surgiram diversos casos polémicos na
Europa envolvendo governantes e os seus percursos académicos. A ministra da
Educação da Alemanha, Annette Schavan, de 59 anos, demitiu-se em Fevereiro de
2013, depois de ter perdido o título de doutora pela Universidade Heinrich
Heine, de Düsseldorf, sob a acusação de ter plagiado a sua tese final.
Não foi o único caso. Em 2011, o ministro alemão da Defesa,
Karl-Theodor zu Guttenberg, anunciou a demissão na sequência do escândalo de
plágio da sua tese. A saída de Guttenberg foi forçada pela divulgação de
passagens da tese de doutoramento que tinham sido copiadas de várias fontes sem
serem citadas, o que valeu ao ministro o epíteto de barão do copy-paste.
Em Abril de 2013, foi a vez de Pál Schmidt. O Presidente da
Hungria renunciou ao cargo depois de meses de polémica relacionada com a tese
de doutoramento. A universidade Semmelweis, de Budapeste, retirou o título
académico ao político depois ter considerado provado que Schmitt plagiou na
tese que defendera há 20 anos naquela instituição e que versava sobre a
história dos jogos olímpicos. Para a maioria dos membros do senado, esse
trabalho académico "não respeitava nem os métodos científicos nem éticos"
exigíveis.
Partes dos excertos plagiados
"A Deontologia é cada vez mais crucial para a distinção
profissional dos professores, por duas razões: porque é um atributo maior do
prestígio social de uma profissão e porque a função docente não tem tradição
deontológica."
Pág 7 de “Dimensión Moral de la Profession Docente”, de João
Grancho
"A Deontologia é cada vez mais crucial para a distinção
profissional dos professores, por duas razões: porque é um atributo maior do
prestígio social de uma profissão e porque a função docente não tem tradição
deontológica."
Página 1 de “Para uma Deontologia Pedagógica”, de A. Reis
Monteiro
"Para além disso, a escola tem de afirmar a sua missão
intelectual e social no seio da sociedade, contribuindo para a garantia dos
valores universais e do património cultural."
Página 9 de “Dimensión Moral de la Profession Docente”, de
João Grancho
"Para além disso, a escola tem de afirmar a sua missão
intelectual e social no seio da sociedade, contribuindo para a garantia dos
valores universais e do património cultural."
Página 5 de “Por uma Formação Inicial de Professores de
Qualidade”, coordenado por João Pedro da Ponte