Nenhuma novidade na designada “saída limpa” anunciada por
Passos Coelho. Era, aliás, aquilo que os portugueses estavam à espera desde que
esta questão se colocou. Um segredo que, afinal, nunca o foi.
Não me vou deter sobre os pormenores do conteúdo da
declaração que o primeiro-ministro, ladeado por Paulo Portas e por Maria Luís
Albuquerque, efetuou. E não me vou deter porque foi uma declaração eivada de
inverdades sobre a assinatura do memorando e carregada de uma bateria infindável
de ataques ao partido socialista, completamente imprópria de um governante que
exerce tais funções.
Mas qual “saída limpa” se Passos Coelho não falou do prosseguimento
da violência da austeridade? Se não falou do aumento do IVA, da TSU, nem do
corte definitivo de reformas e pensões? E nada disse sobre mais despedimentos
na função pública?
E, já agora, nem uma palavra também se ouviu a Passos Coelho
sobre o excesso de liquidez por parte dos investidores e sobre as taxas de juro
que neste momento estão a ser praticadas na Europa e que atingem mínimos
históricos. Nem uma palavra, igualmente, sobre o papel do BCE em todo este
processo, como sempre o PS defendeu e alertou. E nem uma palavra sobre a
almofada, constituída pelo governo, de quinze mil milhões de euros, mas que custa
aos portugueses 430 milhões.
Portugal regressa, assim, aos mercados sem ajuda, e isso sendo,
com certeza, um sinal positivo, não deveria colocar o governo num patamar de
arrogância, uma vez que os portugueses, fruto das opções erradas destes últimos
anos, vão continuar fustigados com impostos, o país vai continuar a lidar com
um desemprego elevadíssimo, com níveis de emigração incomportáveis e com uma economia
que vai continuar estagnada.
E há ainda um outro elemento a ser trazido à colação e que
revela, de uma forma expressiva, o insucesso das opções políticas seguidas pelo
governo nestes últimos anos. Refiro-me à dívida pública portuguesa, quer sob um
ponto de vista relativo quer sob um ponto de vista absoluto.
Como se sabe a nossa dívida pública subiu de um valor
inferior aos 100% do PIB, em 2011, para valores que ascendem a 130%, no final
de 2013, e em termos absolutos subiu para mais de 200 mil milhões, quando se
situava em cerca de 160 mil milhões.
Sobre os apregoados êxitos da política de austeridade e sobre a designada “saída limpa” estamos conversados!
Sobre os apregoados êxitos da política de austeridade e sobre a designada “saída limpa” estamos conversados!
Acácio Pinto