Aquando de uma visita que os
deputados do PS efetuaram a uma misericórdia do nosso distrito, onde reuniram
com os respetivos órgãos sociais e com os autarcas, percebeu-se que o programa
das cantinas sociais, implementado com pompa e circunstância por este governo,
não era a resposta mais adequada às populações carenciadas. Desde logo porque
muitas dessas pessoas têm, inclusivamente, dificuldades de deslocação, por
falta de transporte, ao local onde as cantinas funcionam.
Para além disso, este programa que
é de marcada feição ideológica, assistencialista, de desconfiança das pessoas, é
mais uma medida da cruzada deste governo contra o rendimento social de
inserção.
O que é facto é que os dados mais
recentes começam a evidenciar que, para além da questão assistencial e de “sopa
aos pobres” que o programa carrega desde o início, ele acaba também por ser
mais dispendioso do que o programa que este quis combater, o do RSI.
O número de refeições que são
servidas diariamente pelas cantinas sociais ascende, segundo os dados mais
recentes fornecidos pela segurança social, a cerca de 50.000, tendo aumentado
33% relativamente a 2012, ou seja, mais 12.000 refeições por dia que no ano
transato. Se cada refeição tem um custo de 2,5 euros para o estado, que pode
ser acrescido de 1 euro a cobrar pela instituição, facilmente se conclui que
com uma família de 4 pessoas o estado pagará cerca de 20 euros por dia, entre o
almoço e o jantar, ou seja, 600 euros por mês, valor muito superior ao do RSI
para a mesma família, com a agravante de se coartar a capacidade de autonomia e
de mais dignidade que a mesma teria através do rendimento social de inserção.
Quer isto dizer que quando os
preconceitos e as questões ideológicas, mais mesquinhas, são elevadas a uma
centralidade canhestra, até se pode gastar mais, mas dinheiro para esses
“malandros” do RSI é que não haverá.
Pois bem, estamos perante duas
opções ideológicas bem marcadas e bem distintas, uma que aposta tudo na
subjugação das pessoas, na caridade, no assistencialismo e a outra que respeita
a autonomia das famílias, tratando os cidadãos como detentores de direitos,
sendo um desses, o de terem um rendimento social, considerado o mínimo
necessário, para viverem com dignidade.
Quando estamos perante pessoas que caem nesta situação impõe-se-nos perceber que estamos ante cidadãos da nossa comunidade, ante seres nossos iguais e ante pessoas que não devemos estigmatizar para além da situação que cada um deles já de per si carrega.
Quando estamos perante pessoas que caem nesta situação impõe-se-nos perceber que estamos ante cidadãos da nossa comunidade, ante seres nossos iguais e ante pessoas que não devemos estigmatizar para além da situação que cada um deles já de per si carrega.
Acácio Pinto
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