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10 junho em Lamego | Elvira Fortunato: inspiradora. | Cavaco Silva: porta-bandeira do conselho de ministros

Foto: Manuel Almeida / LUSA
Elvira Fortunato, a presidente da comissão organizadora do dia 10 de junho, deixou palavras inspiradoras aos portugueses a partir de Lamego. Colocou a tónica no conhecimento, na ciência, na juventude, como molas impulsionadoras do desenvolvimento do país. Disse mesmo que "não podemos desperdiçar esta mais-valia [jovens especializados e competentes] e há que tirar retorno do grande investimento que foi feito, caso contrário outros farão isso por nós. Não podemos deixar que jovens altamente especializados abandonem Portugal". E acrescentou, que se estes jovens saírem de Portugal que o seja "por opção, mas não por obrigação".
Uma mensagem de longo alcance e que por si só encerra uma profunda e transversal estratégia de desenvolvimento para o nosso país.
É que não basta falar, hipocritamente, por exemplo, de natalidade e depois não cativar os jovens, não estimular os jovens, e nada fazer para que todo o seu manancial empreendedor não seja colocado ao serviço da construção de um Portugal de futuro.
Por outro lado, Elvira Fortunato não deixou de ressaltar que o investimento em ciência tem um ponto focal, tem uma marca, que se chama Mariano Gago, ministro da ciência de vários governos socialistas e que recentemente nos deixou. A presidente das comemorações deixou bem vincado que ele "teve a visão e a ousadia de fazer uma aposta na área da ciência, como mola motora do desenvolvimento e criadora de riqueza substantiva".
É assim, com esta visão linear, com esta visão de alternativa, que as pessoas se distanciam dos mitos urbanos e também das minudências discursivas do orador que se lhe seguiu, Aníbal Cavaco Silva.
Este quis voltar a ser aquilo que sempre foi, um defensor intransigente das políticas deste governo. Mais uma vez, de megafone em riste, vai de elogiar as políticas que estão a asfixiar Portugal e os portugueses.
Ou já se esqueceu do estímulo de Passos Coelho para a emigração dos jovens, da regressão da economia, do aumento da dívida pública, do retrocesso na educação e ciência, do aumento da pobreza e da precariedade e da desqualificação do serviço nacional de saúde?
Cavaco Silva é um inquilino de Belém em fim de ciclo, valha-nos pelo menos isso, que não deixa saudades. É um presidente que há muito se ausentou de interpretar os portugueses para se transformar em porta-bandeira do conselho de ministros, em delegado itinerante da Gomes Teixeira.
Foto: Otávio Passos / Global fotos
HOMENAGEADOS
Entre os cerca de quatro dezenas dou aqui nota da homenagem aos ex-ministros do PS, Teixeira dos Santos e Mariano Gago, este a título póstumo, e ainda dos ex-autarcas douro-sul, António Borges (Resende), Hernâni Almeida (Armamar) e José Mário Cardoso (Sernancelhe) e ao presidente de Lamego, Francisco Lopes.
Uma palavra para referir que haveria outros ex-autarcas do distrito, que também não se puderam recandidatar, que mereceriam igual homenagem, mas esse não foi o critério da presidência!
Fica este meu reparo!
Os deputados do PS Viseu, José Junqueiro, Elza Pais e eu, estiveram presentes na sessão solene.

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