No dia 11 de Setembro de 2010 participei na homenagem que foi prestada às vítimas do trágico acidente ferroviário que ocorreu no concelho de Mangualde, precisamente, em 11 de Setembro de 1985.
Neste ano em que se assinalam 25 anos sobre tão funesta ocorrência, uma comissão, liderada por José Augusto Sá e constituída por familiares de pessoas que ali perderam a vida e alguns que conseguiram escapar com vida pese embora as marcas físicas e psicológicas, decidiu homenagear as vítimas mas também todos aqueles que participaram nas operações de resgate e socorro aquando do acidente: bombeiros, forças de segurança, equipas de saúde, enfim, todos quantos ajudaram e se empenharam na prestação do socorro.
Depois da recepção às entidades foi celebrada missa e no final houve intervenções de muitos dos presentes. Mas o momento mais marcante, foi, em minha opinião, o relato de um sobrevivente desse trágico acidente, Carlos Ramos, natural de Vilar de Besteiros, concelho de Tondela. Relato na primeira pessoa que o próprio, apesar de o ter escrito, ainda hoje, 25 anos depois, com três anos a lutar pela vida em unidades de queimados e com 31 cirurgias reconstrutivas, não conseguiu ler, tendo pedido a um amigo, o António João Ferraz, de Santa Comba Dão, que o fizesse por si.
E sobretudo foi marcante porque os seus graves ferimentos resultaram, não do acidente em si, mas por ter sido apanhado numa explosão que ocorreu quando estava em acções de salvamento, a retirar pessoas que estavam presas nas carruagens.
Presentes, o Presidente da Câmara Municipal de Mangualde, João Azevedo e o Vice-Presidente, Joaquim Patrício, o Governador Civil de Viseu, Miguel Ginestal, deputados do PS e do PSD, o Presidente da Liga de Bombeiros, Duarte Caldeira, Presidentes de Junta de Maceira Dão e de Espinho, Bombeiros dos concelhos de Mangualde e de Nelas, representante da CP, entre muitas outras pessoas que quiseram associar-se a esta homenagem e muitos familiares das vítimas, sobretudo, vindos da região de Aveiro.
Como nota final gostaria de dizer que naquele dia 11 de Setembro de 1985 desloquei-me ao local e guardo boa memória do Américo Borges, na altura Comandante dos Bombeiros de Canas de Senhorim, que dirigiu as operações de salvamento e socorro com grande saber e abnegação, naquele teatro de operações infernal e nele deixem-me prestar homenagem a todos os bombeiros de Portugal.