Este governo não
para de nos surpreender. E surpreende-nos a um ritmo nunca visto.
Vou falar-vos de
duas declarações que dizem bem do grau de coesão do governo, por um lado, e por
outro da falta de respeito que estes governantes têm para com a legitimidade
democrática que radica na eleição e no voto.
Quanto à coesão
no governo a recente declaração ao país do líder do CDS e também ministro de
estado e dos negócios estrangeiros, Paulo Portas, é elucidativa. Passos Coelho
falou dois dias antes, mas o número dois político
do governo, Paulo Portas, desdisse o primeiro-ministro quarenta oito horas
depois, num braço de ferro inimaginável. Portanto, o líder do CDS desautorizou
o seu primeiro-ministro quanto à medida do imposto sobre reformados e
pensionistas e quando considerou o documento de estratégia orçamental irrealista.
Nem sequer lhes importa se estamos perante compromissos internacionais que
assumiram por escrito.
Ou seja: isto já
não é um governo, é mais um circo e infelizmente é uma situação recorrente.
Vivemos, pois,
em completa esquizofrenia política no seio da coligação. Afinal a tal crise política
está aí, há muitos meses, mas está aí pela mão dos parceiros de coligação e não
pelo PS que, sistematicamente, tem sido afastado de toda e qualquer negociação
e de todo e qualquer consenso.
A outra questão
que quero aqui também detalhar tem a ver com a declaração de Vítor Gaspar no
parlamento quando disse que “eu não fui
eleito coisíssima nenhuma!”
Ora cá está o
desprezo pela democracia em todo o seu esplendor. Mas afinal o que quer ele
significar? Que não tem que prestar contas pelos seus atos de austeridade
tresloucada? Que ele não é político?
Ou será que o
que ele quer dizer é que não tem que se justificar perante o povo que elegeu os
seus representantes no parlamento e que por seu lado apoiam o governo?
Nenhuma das
conclusões que tiremos, das palavras de Vítor Gaspar, abona em sua defesa. Estamos
perante gente arrogante, prepotente e com instintos antidemocráticos.
Da suspensão da
democracia com que fomos brindados há uns anos atrás, até esta de um ministro
dizer que não foi eleito coisa nenhuma, estamos ante gente que manifesta um
grande desprezo pelos processos democráticos e começa a ficar bem evidenciado o
porquê de terem sido elaborados dois orçamentos inconstitucionais consecutivos.
(foto base: www.impala.pt)
(foto base: www.impala.pt)
Acácio Pinto
in: Notícias de Viseu e Diário de Viseu