Desde sempre que o PS se empenhou na adesão de Portugal à CEE, hoje UE. Diga-se que com um consenso, mais ou menos alargado e mais ou menos convicto, dos partidos da área do poder.
Desde logo o PS, através de Mário Soares, esteve indelevelmente associado à adesão, que a solicitou, enquanto primeiro-ministro, em 1977, e a operacionalizou em 1985. Foi um momento marcante e crucial para os destinos e para a modernização do nosso país.
Depois, com António Guterres, em finais dos anos 90 e início deste século, Portugal aderiu ao Euro e construiu uma estratégia, designada por agenda de Lisboa ou estratégia de Lisboa, que marcou o rumo e as áreas de desenvolvimento da Europa no decurso da primeira década do séc. XXI. Foi uma estratégia em torno da coesão social, do emprego, da investigação, do conhecimento, das novas tecnologias e da sustentabilidade.
Já com José Sócrates, depois do veto do tratado Constitucional, foi também em Lisboa, em 2007, que se assinou o designado Tratado de Lisboa que foi o marco mais recente da construção da UE e que permitiu o consenso e a evolução possíveis de uma União que se queria mais eficiente na decisão, mais democrática na legitimação e mais segura e interventiva a nível internacional.
Aqui chegados, porém, os problemas com que esta Europa a vinte e sete está confrontada são imensos. E são imensos por temores e mitos instalados nos cidadãos europeus, que não permitiram um avanço para um rumo mais federal e efectivamente mais democrático e menos centralista, e, igualmente, porque os vinte e sete membros que deviam ser pares se demitiram desse seu incontornável papel decisivo de exercerem o mandato que os tratados lhes conferem. E, vai daí, renderam-se a uma dupla (Berlim – Paris) que verdadeiramente é uma única cúpula de autoritarismo financeiro e económico cego e vendida/rendida aos designados mercados que, bem se sabe, até aqui nos trouxeram. Ou a Grécia, Portugal, a Irlanda, a Espanha e a Itália são os verdadeiros culpados desta situação?
Não, não foram, nem são. Os manipuladores, não lhes conhecendo o rosto, bem sabemos onde estão e que interesses defendem. E os responsáveis, sendo todos os pares, um pouco, deste grupo de vinte e sete, têm na chanceler “dona de casa” e no seu vizinho assistente os obreiros deste quotidiano que agora querem impor défices zero, ou zero vírgula cinco, nas constituições dos estados membros quando ainda há pouco tempo os transgrediram, eles próprios, de uma forma colossal e sistemática. Ou julgam que temos a memória curta?
Hoje o PS, através de António José Seguro, está, também, na linha da frente da construção de um novo rumo e de uma nova via para uma Europa mais democrática e para quem as pessoas contem antes e depois dos mercados.