Começamos a estar cansados desta ideia peregrina do governo que, em si própria e levada ao extremo, é uma declaração de incapacidade política que leva a uma conclusão óbvia: extinga-se o governo por falta de governados.
Ou seja, se todos levarem à letra os conselhos para emigrarem, ontem de um secretário de estado dirigindo-se aos jovens, hoje do primeiro ministro dirigindo-se aos professores, deixamos de ter necessidade de governo.
Isto assemelha-se a tudo menos a governar. É mais próprio de um primeiro ministro demissionário do que outra coisa qualquer, como muito bem disse o secretário geral do PS, António José Seguro.
E se há coisas que os portugueses não podem tolerar, esta é uma delas. Esta deriva de aconselhamento dos seus concidadãos para emigrarem é tão só a declaração final de que, com este governo de direita, do PSD e do CDS/PP, não vamos lá.
A única estratégia que têm para apresentar aos portugueses é a da austeridade. É a dos impostos. É a de meter a mão no bolso dos cidadãos. É a do abandono de todos as pessoas mais frágeis a quem mais não restará do que a mendicidade, a mão estendida. E o que é preocupante é que isto é em si um projecto ideológico.
Ora estas não são as propostas do PS. As medidas que o PS tem vindo a propor através do seu líder e que não têm colhido a mínima atenção por parte desta maioria têm sido nas áreas do apoio à economia, do não aumento do IVA para a restauração, da não agressão ao SNS, da não captura de dois subsídios de vencimento em 2012, entre outras.
Pois bem, a tudo isto o governo disse não, o governo chumbou, pese embora o facto do PS ter apresentado formas alternativas de receita sem onerar em mais um cêntimo que fosse o OE.
Vai mal o PSD e o CDS e estão mal os portugueses quando os seus principais líderes do governo, que deveriam pugnar por aproveitar no seu país o investimento feito nos seus recursos humanos, os incentivam displicentemente a emigrar.