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(Opinião) Cavaco-Provedor

Temos assistido, nos últimos dias, a um candidato, Cavaco Silva, revelador de uma grande propensão para dar guarida a todos as críticas e descontentamento contra o PS e contra o esforço do Governo para combater a crise e o défice, o que não abona, em nada, na imagem que ele tem vindo, ao longo dos anos, a dizer que cultiva e não abona, igualmente, nos propósitos de respeito institucional com que sempre está a encher a boca.
Coloca-se, assim, como que num patamar de provedor universal de todos os descontentamentos, como muito bem o apelidou Francisco Assis, e num plano de contra-poder face ao Governo legitimamente em funções.
Tudo serve para os seus remoques serem atirados aos quatro ventos contra o Governo. Fá-lo não só nos comícios por todo o país, à hora dos telejornais, como nos comentários que faz de cada vez que lhe colocam um microfone à frente.
E logo ele, que é um dos principais obreiros de muitas das dificuldades com que hoje estamos confrontados fruto de algumas das medidas tomadas enquanto primeiro-ministro (sim, como Miguel Cadilhe bem disse) e das omissões constantes durante os cinco anos que leva de Presidência!
Tudo tem servido, pois, nestes últimos tempos, para uma campanha despudorada em que está envolvido. Seja para introduzir a fome e a pobreza na campanha eleitoral, seja para atacar a actual administração do BPN e nada dizer sobre a anterior gestão criminosa, seja para veladamente criticar o Governo quando se fala na possibilidade do apoio estrangeiro à economia portuguesa.
Aliás, esta estratégia começa a configurar-se como um ataque da direita liberal ao poder.
Vá lá: Será que custava muito dizer que a emissão desta semana da dívida foi um sucesso devido à elevada procura, que foi o triplo do montante emitido, e às taxas de juro exigidas estarem abaixo dos valores das últimas emissões?
Vá lá: Será que seria muito difícil dizer que foi um excelente objectivo para a credibilização da economia portuguesa e para a confiança na execução orçamental termos não só atingido o objectivo de 7,3% previsto para o défice de 2010 como termos ficado claramente abaixo desse valor?
Ou será que afinal o que é mesmo fácil é cantar aos quatro ventos que vem aí o FMI?
Mas vão no mau caminho os que enveredam por esta estratégia. A realidade não lhes tem dado razão e o pior é que se colocam ao lado, eles próprios, dos cegos e surdos mercados financeiros que diafonamente dizem combater.
É verdade que as coisas não estão resolvidas e que o futuro ainda nos reservará dificuldades, mas em vez de termos partidos responsáveis e dirigentes e candidatos a assumirem um papel de combate ao pessimismo e de confiança em Portugal, o que temos é alguns dirigentes e líderes de direita sedentos e ávidos de poder.
Mas há uma coisa de que eles não se devem esquecer: em democracia o poder só se exerce depois de se ganharem eleições. Não basta deitar os Governos abaixo.

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