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(Opinião) Candidato silencioso

A revista Visão colocou as seguintes perguntas a um candidato presidencial:
«- Pode o senhor Presidente da República confirmar que adquiriu a propriedade do atual lote 18 da Urbanização da Coelha (Sesmarias, Albufeira) à empresa Constralmada?
- Essa transação foi feita através de uma permuta de terrenos?
- Por que valores foram avaliados os terrenos que adquiriu, e os que cedeu?
- Recorda-se do ano em que foi feita a escritura pública desta transação?
- Tinha conhecimento que a referida empresa, a Constralmada, era detida pela Opi-92, empresa de que era acionista o Dr. Fernando Fantasia?
- Quem lhe propôs a permuta?
- Recorda-se do cartório notarial onde foi firmada a escritura pública desta transação?»
Não respondeu.
Por que será que ficou em silêncio? Será que ele acha que o povo português não tem direito a ter respostas?
Será que ele acha que a democracia é um sistema político opaco? Ou ainda não acertou o seu relógio com a transparência democrática?
O tempo dos pais incógnitos já passou. E o silêncio nunca eliminou o ADN dos genes de negócios manhosos.
Eu, por mim, prefiro um Presidente que cultive a palavra em vez do silêncio!

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