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Opinião: Dueto para o Verão

Na política como na vida o tempo é inexorável. Tão inexorável como a deriva planetária, ou não fosse esta a sua base de medida!
E cada dia que passa é mais um dia subtraído à conta pessoal de cada ser em acção. Ou somado à conta intemporal das opções de cada ser. Das interacções de todos quantos desempenham papéis neste mundo errante.
Seja no Golfo do México ou em Vladivostoque, seja petróleo derramado ou fogo cego, em tudo está a humana cegueira de um querer infinito. Em tudo a infinitude de impérios sustentados em suores humanos.
É assim esta planetária veia para o crescimento permanente. Alimentada pelas liberais teses das virtualidades do mercado como valor absoluto.
Mas as realidades são mais fortes do que as teorias. E vai daí atiram ao chão esses impérios da ganância. Esses impérios de tanto dinheiro “produzido” por energia roubada ao lazer infantil e por horas escravas furtadas aos prazeres de pequenos nadas humanos… de ir sendo feliz.
Mas como bem sabemos, quando colapsam… voltam a ser os mesmos de sempre a pagar e a arrostar com o fardo mais pesado.
É também por isto… essencialmente por isto, que eu prefiro o Estado Social, que o PS defende, ao Estado Liberal, de Passos Coelho e do PSD.
(Publicado no Jornal do Centro)

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