Passam hoje 56 anos sobre a crise académica de Coimbra, cujo detonador aconteceu no dia 17 de Abril de 1969.
Esteve no epicenteo dessa crise o então presidente da AAC, Alberto Martins.
Recordamos aqui hoje esse dia, tão relevante para a academia e para o combate ao regime em vigor, porque ele tem eco no romance O LEITOR DE DICIONÁRIOS.
Eis o excerto:
Aconteceu no dia 17 de abril, após a inauguração do Departamento de Matemática da Universidade. O presidente da Associação Académica, o estudante de Direito Alberto Martins, subiu para uma cadeira e, com a capa negra aos ombros, ante o presidente da República, Américo Tomás, e o ministro da Educação, José Hermano Saraiva, disse,
– Em nome dos estudantes de Coimbra, peço a palavra.
E pediu, mas a palavra não lhe foi concedida. E, à saída da comitiva, na Praça D. Dinis, as vaias não se fizeram esperar. Para Alberto Martins, a consequência daquele ato subversivo foi a sua detenção, indo passar a noite à cadeia, o que agravou ainda mais as hostilidades entre estudantes e governo. O conflito transbordou e a crise académica alastrou a todas as universidades do país, com estudantes detidos, proibidos de assistirem às aulas e com um luto académico bem cerrado.