Trata-se de um poema. Um poema, de seu nome Hölderlin. Um
poema vestido em forma de livro. De um livro bilingue – português e espanhol,
ou castelhano? – que se apropriou do título do poema e fez dele a sua epígrafe.
Um livro que “se acabo de imprimir siendo el equinoccio de primavera de 2024”.
E quando lemos o poema, ou abrimos o poema feito livro, estranhamos.
Os versos desafiam-nos. Parece que não fluem ou será que se nos abrem? Será que
se crispam ou que se nos envolvem no seu manto? Na sua concha e nos protegem
dentro da sua couraça? Ou será que eles só fingem? Que os versos saltitam de
pedra em pedra até se perderem no horizonte longínquio? Ou será que são praia e
areal de espuma?
Hölderlin. Poema de versos que se bebem de um trago e que
nos conduzem até às abissais fossas de buscadores incessantes dos nortes dos
nossos seres.
“Pensam que o poema é apenas / um conjunto de palavras
alinhadas?”
“Não. Em cada poema / cada palavra é uma gota de sangue do
ser-poeta.”
E quem é o autor? Fixem. Fixem este nome: Manuel
Silva-Terra. Poeta? Ou construtor de universos?
“O poeta é aquele que bebe o cálix até ao fim / – Seja do
que for – até ao fim!”
“Seja de fogo, seja de gelo.”
“O poeta esvazia o cálix, seja de veneno, seja de amor”
“O poeta não gosta do bom gosto / nem aprecia a sensatez.”
“A poesia nada faz pela metade.”
Obrigado e parabéns, Manuel Silva-Terra. Continua a nada
fazer pela metade e a beber a ‘cicuta’ até ao fim.
TÍTULO: Hölderlin
AUTOR: Manuel Silva-Terra
EDITORA: ACSAL Ediciones
PÁGINAS: 82
Acácio Pinto | Maio de 2024