A comunicação social, como lhe competia, deu eco a frases
lapidares de Passos Coelho e dos partidos da maioria relativamente à “viragem”
da situação económica do nosso país. Desde 2012 que tal é anunciado e desde
2012 que tal constitui um logro para os portugueses.
E para que se não pense que é uma conspiração de um mesmo
órgão de comunicação social deixo os títulos relativos à anunciada viragem de
quatro diferentes órgãos de comunicação social, para quatro diferentes anos: “Passos aponta 2012 como ano de viragem
económica” (DN), “Passos: 2013 será
ano de viragem” (TVI 24), “PSD e CDS
acreditam que 2014 será ano de viragem” (Jornal de Negócios) e “Passos Coelho anuncia que 2015 será o ano
da viragem” (Visão).
Passos Coelho tem-se, portanto, e como se vê, vindo a
constituir como um charlatão da política portuguesa. Debaixo daquela capa que
ele tenta exibir de grande sobriedade e de grande serenidade tem brindado os portugueses com autênticas
pérolas atrás de um populismo barato. Aliás, já como candidato, em 2011, ele
utilizou a mesma técnica. Fez todas as promessas e todos os anúncios possíveis e
depois no governo fez o oposto. Ainda todos nos lembramos do cortar os
subsídios de natal e de férias que era um disparate ou do aumento de impostos!
Mas não satisfeito com a sua performance durante o debate na
generalidade do orçamento de estado lá veio com mais uma das suas viragens.
Disse que em 2016 seriam repostos os vencimentos da função pública na
totalidade para a seguir dizer que só seriam repostos 20% dos cortes.
É por estas e tantas outras malfeitorias, sentidas pelos
portugueses na pele, que se impõe uma mudança, ou uma “viragem”, na condução da
governação em Portugal, mudança que os estudos de opinião, todos, começam a ser
deixar como inequívoca quando tributam ao PS e a António Costa a
responsabilidade dessa alternativa.
É que, ainda agora, durante o debate do orçamento de estado
para 2015, ficou bem evidenciada a incapacidade do governo para encetar
qualquer política credível, para apresentar qualquer projeto galvanizador para
os portugueses.
A fiscalidade verde, afinal, mais não é do que uma via verde
para o aumento de impostos; o teto das prestações sociais mais não é do que um
novo ataque aos mais desfavorecidos; os cortes na educação e na saúde mais não
são do que mais despedimentos a somar aos mais de 33.000 potos de trabalho que
estes dois ministérios perderam nestes últimos três anos.
Estamos, de facto, ante um governo esgotado e sem soluções.
Um governo fora do prazo de validade!
E quando assim é, é urgente uma “viragem” de governo!
Acácio Pinto
Diário de Viseu