Intervenção no plenário sobre a petição da educação tecnológica no currículo nacional dos 2º e 3º ciclos dos ensinos básicos (dia 24 de outubro)
«Todas as medidas que Nuno Crato tomou até agora vão no
sentido de derrubar um dos pilares da educação: o do saber fazer; o de aprender a fazer.
Daí que, em primeiro lugar, queira saudar os milhares de
peticionários, os professores e a delegação da associação nacional de
professores de educação técnica e tecnológica aqui presente, que através desta
petição nos permitem mais uma vez discutir o papel da educação tecnológica e do
saber fazer.
Para Nuno Crato e para esta maioria o serviço público de
educação é melhor conseguido através de uma escola seletiva, com base no nível
socioeconómico e cultural.
E as medidas, uma a uma, que têm sido tomadas estão todas
cheias de sinais ideológicos que vão nesse sentido.
E é disso que se trata também aqui. Proclama-se o mérito
escolar, como se ele fosse incompatível com este pilar da educação, do saber
fazer. Não é incompatível e não há disciplinas de segunda.
Daí que entendamos que, no seu percurso escolar, todos os
alunos devam ser dotados de ferramentas e de competências, infelizmente tão em
desuso na 5 de outubro, repito de competências, que lhes permitam saber fazer e
dar resposta às múltiplas exigências da sociedade.
Só faz quem sabe e nem todos os que sabem, sabem fazer. Há, pois,
complementaridade e não incompatibilidade.
É que fazer é aplicar e também aprender.
É porventura interiorizar para sempre um determinado saber,
um determinado conhecimento.
Entra aqui a importância da educação tecnológica. Ela não
segrega, ela inclui.
Respeite-se a educação tecnológica e a dignidade dos seus
professores.
Não estamos, portanto, de acordo com a asfixia das
tecnologias levada a cabo pelas vossas propaladas disciplinas essenciais, pelos
vossos saberes de primeira.
Esse é o caminho da maioria, o da seletividade, a que deram
corpo através da revisão da estrutura curricular.
No segundo ciclo fizeram o que diziam querer combater,
fizeram de uma disciplina (EVT) duas disciplinas (EV e ET) e no terceiro ciclo a
educação tecnológica foi para oferta de escola. Nós contestámos essa estrutura global
e pedimos a cessação da vigência do DL 139/2012, que o PSD e o CDS aqui nos chumbaram.
Senhoras e senhores deputados, para terminar, é tempo de
dizer que nós queremos uma escola pública aberta a todos, que todos acolha e
que seja promotora das potencialidades de cada um: entram aqui as competências,
o saber fazer e a educação tecnológica.
Disse.»