Avançar para o conteúdo principal

De 25 para 35: é este o rigor da coligação?

Dos 10 prometidos passou a 11 ministros efectivos, mais o primeiro-ministro. Dos 25 prometidos passou a 35 efectivos secretários de estado, sendo que um deles (Bernardo Bairrão) foi, mesmo, demitido antes de ter tomado posse.
Sempre se pode dizerque são as coisas da governação e só não falha quem não faz, só não erra quem não decide... Pode-se dizer tudo isso que bem sabemos e bem conhecemos.
Mas há pormenores importantes em que nos devemos deter e que fazem toda a diferença.
Vejamos só um, que toca no rigor e na racionalização.
Afinal o número global de secretários de estado (que, segundo o PSD, era demasiado elevado no governo anterior) está na média de todos os governos que tivemos no nosso país nas últimas décadas, quer do PS, quer do PSD, quer de coligação. O crédito final é, então, de menos quatro ou cinco ministros. Aguardemos, pois, agora para perceber como é que esses designados "superministros" vão operacionalizar os seus gabinetes, para a gestão de tão vasta gama de dossiers governativos, para perceber se efectivamente estamos ante uma redução efectiva de gastos com "pessoal político", de racionalização de custos e de gestão rigorosa como tanto se apregoou durante os meses anteriores e, sobretudo, na campanha eleitoral.
Não quero ajuizar por antecipação, mas estarei atento. E só trago este assunto à colacção porque ele foi tão, abusivamente, usado como arma de arremesso contra o governo anterior.
Os portugueses cá estarão para fazerem a sua análise serena a médio prazo e para escrutinarem, também, as medidas extraordinárias de austeridade, além-troika, de que se faz eco na comunicação social e que este governo se apresta a tomar.
Se as coisas não são como começam, mas como acabam, fica, porém, e desde já, um travo amargo e de preocupação, neste início de mandato, para a coligação.

Mensagens populares deste blogue

Sermos David e Rafael, acalma-nos? Não, mas ampara-nos e torna-nos mais humanos!

  As palavras, essas, estão todas ditas. Todas. Mas continua a faltar-nos, a faltar-me, a compreensão. Uma explicação que seja. Só uma, para tão cruel desenlace. Da antiguidade até ao agora, o que é que ainda não foi dito? O que é que falta dizer? Nada e tudo. E aqui continuamos, longe, muito distantes, de encontrar a chave que nos abra a porta deste paradoxo. Bem sei que, quiçá, essa procura é uma impossibilidade. Que não existe qualquer via de acesso aos insondáveis desígnios. Da vida e da morte. Dos tempos de viver e de morrer. Não existe. E quando esses intentos acontecem em idades prematuras? Em idades temporãs? Tenras? Quando os olhos brilham? Quando os sonhos semeados estão a germinar? Aí, tudo colapsa. É a revolta. É o caos. Sermos David e Rafael, nestes tempos cruéis, não nos acalma. Sermos comunidade, não nos sossega. Partilharmos a dor da família, não nos apazigua. Sermos solidários, não nos aquieta. Bem sei que não. Mas, sejamos tudo isso, pois ainda é o q...

JANEIRA: A FAMA QUE VEM DE LONGE!

Agostinho Oliveira, António Oliveira, Agostinho Oliveira. Avô, filho, neto. Três gerações com um mesmo denominador: negócios, empreendedorismo. Avelal, esse, é o lugar da casa comum. O avô, Agostinho Oliveira, conheci-o há mais de meio século, início dos anos 70. Sempre bonacheirão e com uma palavra bem-disposta para todos quantos se lhe dirigiam. Clientes ou meros observadores. Fosse quem fosse. Até para os miúdos, como era o meu caso, ele tinha sempre uma graçola para dizer. Vendia sementes de nabo que levava em sacos de pano para a feira. Para os medir, utilizava umas pequenas caixas cúbicas de madeira. Fossem temporões ou serôdios, sementes de nabo era com ele! Na feira de Aguiar da Beira, montava a sua bancada, que não ocupava mais de um metro quadrado, mesmo ao lado dos relógios, anéis e cordões de ouro do senhor Pereirinha, e com o cruzeiro dos centenários à ilharga. O pai, António Oliveira, conheci-o mais tardiamente. Já nos meus tempos de adolescência, depois da revolu...

Ivon Défayes: partiu um bom gigante.

  Ivon Défayes: um bom gigante!  Conheci-o em finais dos anos oitenta. Alto e espadaúdo. Suíço de gema. Do cantão do Valais. De Leytron.  Professor de profissão, Ivon Défayes era meigo, afável e dado. Deixava sempre à entrada da porta qualquer laivo de superioridade ou de arrogância e gostava de interagir, de comunicar. Gostava de uma boa conversa sobre Portugal e sobre a terra que o recebeu de braços abertos, a pitoresca aldeia do Tojal, que ele adotara também como sua pela união com a Ana. Ivon Défayes era genuinamente bom, um verdadeiro cidadão do mundo, da globalidade, mas sempre um intransigente cultor do respeito pela biodiversidade, pelo ambiente, pelas idiossincrasias locais, que ele pensava e respeitava no seu mais ínfimo pormenor. Bem me lembro, aliás, das especificidades sobre os sons da noite que ele escrutinava, vindos da floresta, da mata dos Penedinhos Brancos – das aves, dos batráquios e dos insetos – em algumas noites de verão, junto ao rio Sátão. B...