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Fernando Nobre não mereceu, e bem, o apoio dos deputados

Os deputados não elegeram, no dia 20 de Junho, Fernando Nobre para Presidente da Assembleia da República. Depois de duas votações consecutivas nem o pleno dos votos do PSD ele conseguiu. Cento e seis votos à primeira e cento e cinco à segunda quando precisava cento e dezasseis.
E o primeiro a tirar conclusões tem que ser o próprio, Fernando Nobre, e, logo depois, Pedro Passos Coelho. O próprio tem que perceber que não pode dizer o que tem dito contra os políticos e contra os partidos e depois, quando lhe dá jeito, querer ele próprio ser, entrando por cima, um desses políticos integrado num partido. Não pode infernizar os partidos, como os promotores de todos os males que vêm ao mundo, e, de seguida, aceitar integrar uma lista de candidatos a deputados, com a reserva antecipada de "senha" para Presidente da Assembleia da República. Quanto a Passos Coelho tem que perceber que a Assembleia e os deputados não são meros instrumentos ao serviço de interesses pouco claros e que ele pode usar seu belo prazer.
Uma palavra para Paulo Portas. Esteve ao seu nível. Não aceitou, na coligação, o compromisso de eleger Fernando Nobre. Aliás, Paulo Portas, já havia dito o necessário e o suficiente durante a campanha sobre Nobre e sobre todo este processo.
A Assembleia da República, o que fez, e bem, foi zelar pela sua dignidade institucional, não ao não eleger Fernando Nobre, mas ao dizer que quer outro(a) candidato(a) que a prestigie e que dignifique o papel da segunda figura do Estado no nosso país e a nível internacional. Alguém que acredite nas virtualidades, todas, da democracia, com políticos e com partidos.
(Foto: A Bola)

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