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Mensagens

A mostrar mensagens de outubro, 2025

O que dizem as memórias paroquiais de 1758 sobre a paróquia de Romãs

  Por decisão do Marquês de Pombal, em 1758, três anos após o terramoto, foram lançadas a todas as paróquias um conjunto de questões a que os respetivos párocos responderam. Essas memórias são um importante documento que nos permite, hoje, conhecer alguns pormenores da nossa terra em meados do século XVIII. As perguntas tinham a ver com a jurisdição, com a demografia, a geografia, os recursos, as igrejas, as pessoas ilustres, entre outras. Deixo-vos hoje as respostas que o reitor do lugar de Romanis (concelho de Sátão), Pedro Jozé Machado, deu às perguntas do Ministro do Reino e que pelo seu teor, facilmente se adivinha a que pergunta ele estava a responder. Esclareça-se que à época o território da atual freguesia constituía o concelho de Gulfar, cujo pelourinho e sede era em Douro Calvo. Eis o teor das respostas, datadas de 20 de maio de 1758. Igreja das Romanis. Interroguatorios. 1. Esta igreja de Santa Maria do Val das Romanis se acha setuada na Provincia da Beira, bisp...

Uma ‘aula’ sobre a escravidão, por João Pedro Marques

  A sessão das 5as de leitura que teve lugar nesta quinta-feira, 23 de outubro, na Biblioteca Municipal da Figueira da Foz, contou com a presença do historiador e romancista João PedroMarques . Sob a batuta suave e competente de Teresa Carvalho , a moderadora, dando o palco ao convidado, este dissertou sapientemente, enquanto historiador, pela temática da escravatura, que acabou por ser o pano de fundo deste excelente serão literário, com permanentes ligações a circunstâncias históricas, em que não faltaram também incursões francas e intimistas a alguns aspetos dos seus tempos de estudante de engenharia. Está claro que, nesta conversa, não poderia faltar uma palavra do romancista sobre os seus romances. Sobre a sua escrita criativa. Sobre as suas tramas romanescas, tecidas normalmente ‘em cima’ de “acontecimentos históricos”, onde ele se socorre de personagens reais e de personagens fictícias, para criar uma “intriga” e dar corpo às suas ficções. Ou seja, poderemos dizer, em t...

O Emigrante | A saga de uma família abalada por segredos antigos

  DETALHES DO LIVRO Título: O Emigrante – A saga de uma família abalada por segredos antigos Autor: Acácio Pinto Preço: 16 € Compre aqui: letraseconteudos@gmail.com ISBN: 978-989-35609-2-1 Edição: Letras e Conteúdos | Sátão Data de lançamento: 1.ª edição – outubro de 2025 Idioma: Português Dimensões: 141 x 210 x 15 mm Encadernação: Capa mole Páginas: 224 Classificação: Livros em Português > Literatutra > Romance SINOPSE Inspirado em memórias reais,  O Emigrante  é muito mais do que um romance que retrata a emigração portuguesa: é uma viagem emocional que atravessa fronteiras, gerações e afetos. Renato, natural da região de Viseu, nos anos 60 parte a salto para França em busca de uma vida melhor, deixando mulher e filhos em Portugal. Entre a dureza da labuta nas obras em Champigny, a vida nos  bidonvilles  e o trabalho numa siderurgia em Le Creusot, conhece a solidão de quem vive repartido entre dois países. Mas não são apenas a distância ou o labor que o m...

Almoço real servido na Figueira no dia da inauguração da linha da Beira Alta

Falámos em anterior crónica sobre a inauguração da linha da Beira Alta, no dia 3 de agosto de 1882, pelo Rei D. Luís , com a viagem inaugural a ter início na estação da Figueira da Foz. O chef que foi escolhido pela cidade da Figueira para preparar o almoço real foi Paul Bergamim, suiço, que já tinha sido o chefe do Hotel Bragança, de Lisboa, um hotel de “primeiro nível, verdadeiramente!” e depois no Grande Hotel do Bussaco e no bufet da estação de comboios da Pampilhosa. Está claro que nos continuamos a socorrer da descrição que Bronislaw Wolowski para falarmos nesta crónica do almoço real. E diz-nos o referido cronista: Reproduzo aqui o menu que foi impresso em língua francesa, e junto para a curiosidade do facto como exemplo da língua portuguesa, o convite enviado pelo Conselho municipal desta encantadora cidade da Figueira-da-Foz, à qual eu desejo que o novo caminho-de-ferro abra a era de todas as prosperidades. Municipalidade da Figueira-da-Foz A Camara Municipal tem...

Conhece a estrada do Enforca Cães?

  Enforca Cães . Tão incomum é o seu nome quanto a beleza que a rodeia. Trata-se da estrada que liga, no concelho da Figueira da Foz, a localidade da Murtinheira (freguesia de Quiaios) a Buarcos. O topónimo, Enforca Cães , dever-se-á, segundo a memória dos mais idosos, ao facto de ali serem abatidos, em tempos idos, cães com doenças contagiosas para os humanos. De origem antiga, a estrada teve durante muito tempo um uso industrial (desde finais do século XVIII) dedicado quase exclusivamente à atividade extrativa de carvão e de calcário que ocorreu na Serra da Boa Viagem. Estas atividades industriais encerraram respetivamente em 1961 e em 2013. Ora, estas circunstâncias, que vieram ditar uma degradação lenta da via, levaram mesmo ao seu encerramento à circulação automóvel, por questões de segurança, em 2019, situação muito contestada pelas populações, que exigiam a sua requalificação e reabertura. Neste contexto, a Câmara Municipal da Figueira da Foz tratou de operacionaliza...

A Fonte do Cão, na Murtinheira - Quiaios

O que resta da antiga Fonte do Cão, que existiu a céu aberto na Murtinheira, é hoje uma lápide que a Junta de Freguesia de Quiaios colocou em 2005 sobre umas manilhas de cimento, assinalando a sua existência. O local, batizado pelos populares de Largo da Fonte do Cão, como não poderia deixar de ser, e que não consta do Google Maps, mereceu, finalmente, uma intervenção de limpeza pelos serviços da autarquia, que se saúda, esperando-se, contudo, que esta não tenha sido uma operação de circunstância. Todos os locais, este como tantos outros, que possam ter associadas a si estórias de outros tempos, merecem ser olhados, pelas entidades públicas, como espaços de memória coletiva. E, assim sendo, só a sua preservação e a criação de uma narrativa associada poderão legar às gerações vindouras o conhecimento das idiossincrasias e das vivências que os nossos antepassados tiveram no território que hoje pisamos. Ao que apurámos (memórias com mais de 40 anos), aquilo que ali existia antes de ...

Salazar teve amores secretos e coloridos?

  A autora, Felícia Cabrita, não tem dúvidas. Sim, Salazar teve muitos casos de amor, uns mais secretos, outros mais públicos, uns muito coloridos e outros que se resumiram a meros amores platónicos. Este livro, Os Amores de Salazar , com prefácio de Diogo Freitas do Amaral, foi escrito há mais de duas décadas e resulta de um aturado trabalho de investigação de Felícia Cabrita nos arquivos nacionais à guarda da Torre do Tombo e de conversas com protagonistas. De facto, António de Oliveira Salazar, desde cedo, foi colecionando corações de mulheres, desde os tempos de seminarista: de Viseu, a Coimbra, de Lisboa a Paris. Com amores platónicos, inocentes ou pecaminosos, o Presidente do Conselho, foi preenchendo a sua vida íntima com um enorme lote de mulheres de diversos estados civis. Por ele passaram, solteiras, casadas e viúvas. A todas tentava dar o máximo de atenção, no Vimieiro, no palácio de São Bento ou em hotéis de Lisboa, porém os seus compromissos oficiais nem sempre l...

Glória aos vencedores, honra aos vencidos!

  Com certeza que, ao longo da vida, já todos vivemos momentos de enorme tensão pelos mais diversos motivos: familiares, políticos, profissionais e tantos outros. Porém, para mim, que também já estive envolvido em combates autárquicos, um dos momentos que mais me elevava os níveis de ansiedade, por melhor trabalho que se tivesse feito, era o da espera pelos resultados na noite eleitoral. Eram horas difíceis. Mesmo infernais! Vem o que precede a propósito das recentes eleições autárquicas. Os candidatos e os líderes dos partidos, que recebem os resultados a conta-gotas, e que sabem ser o centro de todas as atenções, têm de ir preparando ideias para o discurso de vitória, ou de derrota, sob a pressão dos media, dos apoiantes e dos adversários. Nestas eleições, a nível nacional, a generalidade dos líderes “cantaram” vitória, mas, verdadeiramente, o grande vencedor global foi o PSD, pelos óbvios motivos de ter ganhado mais câmaras, mais juntas e de ter tido mais votos. Já o PS, ape...

Recessão de Virgílio Machado > Intimidades Traídas

  Acácio Pinto publicou um livro de poesia, em 2013, mas, dois anos antes, em 2011, publicou «Intimidades Traídas», um poema que assombra o espírito de homem ou mulher. Os versos não rimam, mas o efeito transformador está sempre lá, promovendo a libertação emocional, o autoconhecimento e o empoderamento através da introspeção e manifestação de sentimentos. «Intimidades Traídas» tem um efeito perturbador e reflexivo, que traz ao presente as memórias de uma vida de amores e desamores, questionando se todas a intimidades foram respeitadas, se todo o respeito foi tido nas intimidades. Mais ainda que o respeito e as intimidades é a humanidade que importa e «Intimidades Traídas» é um poema profundamente humano. Curioso é como Acácio Pinto chega a ter um poder premonitório quando escreve. p. 125 :-): «Entraram em rutura. Tudo entrou em rutura. Queimaram-se as ligações. Os cabos descarnaram-se» e dá um potente murro no estômago do leitor. Ler em Goodreads  (https://www.goodr...

"O Emigrante" é o título do novo romance de Acácio Pinto

Com o título  O Emigrante – a saga de uma família abalada por segredos antigos  o novo romance de Acácio Pinto tem apresentação prevista para o início de novembro, numa edição de  Letras e Conteúdos . Baseado em conversas tidas com antigos emigrantes portugueses e também a partir das suas memórias de infância, o autor traz-nos um romance em que nos conta a saga de Renato, um emigrante da região de Viseu, que nos anos 60 emigrou a salto para França em busca de uma vida melhor. As peripécias da travessia clandestina das fronteiras, as viagens no  Sud Express , completamente à pinha em finais de agosto, o trabalho duro nas obras, a vida diária nos  bidonvilles  em Champigny e a labuta dos operários numa siderurgia em Le Creusot, fazem parte desta narrativa que traça um retrato fiel das últimas décadas do Estado Novo e do dealbar dos primeiros tempos de democracia. Mas, para além da distância da família, que ficara em Portugal, é em França que Renato é assolado...

Aspetos do 5 de outubro em Ílhavo, no Estado Novo

  Ílhavo sempre foi uma terra onde, durante o Estado Novo, os valores da liberdade e da democracia tiveram muitos apoiantes. Íntegros e inteiriços. Combatentes pela liberdade. Lutadores pela superior causa da dignidade das pessoas. Vem isto a propósito do dia de hoje, em que se assinala a implantação da República, que ocorreu em 1910. Durante os 48 anos do Estado Novo, os apoiantes de Salazar assinalavam este dia (eufemisticamente, diga-se), uma vez que tal data representava o dealbar do regime republicano e o mínimo era não o violentar. Já para os opositores, comemorar o 5 de outubro era em si mesmo um ideário de luta pelos valores que inspiraram os republicanos que tinham derrubado a monarquia: voto universal e livre, direitos sociais, alfabetização... E, portanto, com este enquadramento, através da PIDE, o regime vigiava, com particular acuidade, todos aqueles que eram tidos como sendo do reviralho (comunistas e ditos republicanos), ou seja, os opositores do regime. Assi...

José Cardoso Pires – um escritor desalinhado

  Assinala-se neste dia 2 de outubro de 2025 o centenário do nascimento do incontornável escritor, da segunda metade do século XX, José Cardoso Pires. Um homem independente e que não compactuou com as correntes literárias do seu tempo. Era, nesse apeto, um escritor saudavelmente desalinhado, mas sempre rigoroso na escrita e no tratamento das temáticas que o inspiravam, a realidade política e social do Estado Novo, em que viveu várias décadas da sua vida, o que lhe valeu ter vários livros censurados. Nascido em Vila de Rei, o concelho que se reclama como aquele que tem a maior centralidade no nosso país, ou não fosse ali que se localiza o marco geodésico da Melriça, considerado o Centro Geodésico de Portugal, Cardoso Pires, cedo rumou à capital, onde foi desempenhando diversas funções e escrevendo. Dos seus livros, destaco Hóspede de Job , O Delfim , A Balada da Praia dos Cães , Dinossauro Excelentíssimo , entre tantos outros. Mas aquele que guardo, ainda hoje, é o seu último li...

Na Gralheira, em audiência à memória!

Fazer uma audiência à memória nos espaços onde convivemos com pessoas, com as pessoas de quem gostávamos e com quem partilhámos tantos momentos, tantos sabores e saberes, tantas cumplicidades, é um daqueles atos que nos conforta, ampara e alimenta. Ali, as imagens sucedem-se, os diálogos atropelam-se e a catadupa de emoções assola-nos e consola-nos perante as cenas que nos levam até esse ontem tornado, subitamente, tão agora. É assim como que uma transmutação que sofremos, tornando-nos atores tão reais desse filme imaginário produzido e realizado pela memória, pela nossa memória. Vem isto a propósito da visita que fiz, com amigos, recentemente, à Gralheira. Ao concelho de Cinfães. Às mágicas montanhas do Montemuro. Ao bucolismo das arouquesas soltas na serra. À tranquilidade do silêncio só cortado pelo longínquo toque das campainhas dos animais no pasto. À rusticidade do colmo como subtelha para aconchegar as casas de granito moreno. À autenticidade de homens e mulheres em solidári...

Sobre Quiaios: o que diz o dicionário Portugal Antigo e Moderno

Pinho Leal, no seu dicionário Portugal Antigo e Moderno, editado em 1874, onde se refere a “todas as cidades, vilas e freguesias de Portugal”, escreve o seguinte sobre Quiaios: QUIAIOS – freguesia, comarca e concelho da Figueira da Foz (foi da mesma comarca, mas do concelho de Maiorca, suprimido), 40 quilómetros ao ONO de Coimbra, 210 ao N de Lisboa, 950 fogos. Em 1757 tinha 300 fogos. Orago S. Mamede. Bispado e distrito administrativo de Coimbra. O prior de Santa Cruz de Coimbra apresentava o vigário, que tinha 200$000 réis de rendimento. É povoação muito antiga e foi couto, ao qual o rei D. Manuel deu foral, em Lisboa, a 23 de agosto de 1514 (Livros dos forais novos da Extremadura, fl. 95, v., col. 1,º).   É terra muito fértil em todos os géneros agrícolas do nosso país. É nesta freguesia a célebre lagoa do Bom Sucesso. Ora, pelo que precede, poderemos concluir que Pinho Leal não aprofundou os dados históricos sobe a freguesia de Quiaios ao contrário daquilo que f...

Diz o povo. Provérbios de outubro

  Outubro quente traz o Diabo no ventre. Em Outubro ou secam as fontes, ou passam os rios por cima das pontes. Em Outubro o lume já é amigo. Pelo São Francisco (4 de outubro) semeia o centeio e o trigo; e a velha que o dizia, já semeado o tinha. Pelo S. Simão (28 de outubro), favas no chão. Outubro chuvoso faz ano venturoso. Pelo São Simão e São Judas (28 de outubro) já colhidas estão as uvas. Em Outubro centeio ruivo. Em Outubro pega tudo. Em Outubro sê prudente: guarda o pão, guarda a semente. PROVÉRBIOS NESTE SITE  |  E NESTE