Assinala-se neste dia 2 de outubro de 2025 o centenário do nascimento do incontornável escritor, da segunda metade do século XX, José Cardoso Pires. Um homem independente e que não compactuou com as correntes literárias do seu tempo. Era, nesse apeto, um escritor saudavelmente desalinhado, mas sempre rigoroso na escrita e no tratamento das temáticas que o inspiravam, a realidade política e social do Estado Novo, em que viveu várias décadas da sua vida, o que lhe valeu ter vários livros censurados.
Nascido em Vila de Rei, o concelho que se reclama como
aquele que tem a maior centralidade no nosso país, ou não fosse ali que se
localiza o marco geodésico da Melriça, considerado o Centro Geodésico de Portugal,
Cardoso Pires, cedo rumou à capital, onde foi desempenhando diversas funções e
escrevendo.
Dos seus livros, destaco Hóspede
de Job, O Delfim, A Balada da Praia dos Cães, Dinossauro Excelentíssimo, entre tantos
outros. Mas aquele que guardo, ainda hoje, é o seu último livro, De Profundis, Valsa Lenta, que escreveu
após ter estado em coma, na sequência de um acidente vascular cerebral.
Não sendo amado pelo grande público, foi, porém, um autor
que deixou marcas vivas e obras inconfundíveis na literatura portuguesa.
Trazê-lo à memória é um dever (digo eu!) das instituições
públicas (bibliotecas municipais, escolares e outras…) nestes tempos em que não
sei se os leitores têm aumentado ao ritmo da edição/publicação de livros.
Se outubro foi o mês que o viu nascer foi também este em que
ele faleceu, desta feita em Lisboa, a 26 de outubro de 1998.
Acácio Pinto
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Foto: Letras e Conteúdos | Biblioteca Orlando Ribeiro, em Telheira - Lisboa