O Partido Comunista voltou a
levar à cena a sua peça de teatro de estimação: moção de censura ao governo.
Não encontramos nenhuma
legislatura nem nenhum tempo em que o PCP não brinde os portugueses com esta sua
peça com o mesmo guião de sempre, seja quem for que esteja no governo: há
governo, somos contra!
Mas esta moção não deixa de ter a
sua originalidade. Vem agora o Partido Comunista criticar as medidas deste
governo, dizer que o país está muito pior, o que é verdade: há mais desemprego,
os impostos aumentaram, foram capturados os subsídios e está-se a fazer um
forte ataque às políticas públicas de saúde, educação e segurança social. Porém
esquece-se o PCP que foi precisamente ele que há um ano atrás abriu as portas à
direita e a esta maioria ao chumbar, no Parlamento, o PEC IV e assim derrubar o
governo do Partido Socialista.
Mas mais, aceitaram os comunistas
nessa altura, em Março de 2011, prestar um serviço à direita no momento e no
tempo que a direita escolheu para derrubar o PS.
Este PCP, sim este Partido
Comunista, inequivocamente, aliou-se à direita, derrubou o governo socialista e
agora, como pilatos, lava as mãos, dizendo que o país está pior, como se nada
tivesse a ver com isso.
Teve a ver com tudo isso e é um
dos principais responsáveis, conjuntamente com o BE, pela situação em que nos
encontramos hoje e com todo este programa de políticas de austeridade, para
além da troika, que esta maioria de direita está a implementar em Portugal.
Deveria ter o PCP, portanto, apresentado, era, uma moção de autocensura.
Como disse Pedro Silva Pereira no
Parlamento durante o debate sobre a moção de censura, o PCP “colaborou na
abertura de uma crise política, no momento mais conveniente para os interesses
da direita e mais inconveniente para os interesses de Portugal e dos trabalhadores
portugueses”.
Foi, pois, de uma forma clara e
inequívoca, de quem tem vindo a criticar o governo e a mostrar um outro caminho
para além da austeridade e sobretudo desta austeridade além da troika, que o PS
se absteve nesta votação, pois este tempo só pode ser de responsabilidade.
Mas a responsabilidade parece que
não abunda para os lados do governo pois não explica aos portugueses como é que
foi possível chegar a esta situação, em que a economia está muito pior do que
há um ano atrás, em que o desemprego atingiu a maior taxa de que há memória e
em que o objetivo da execução orçamental, em resultado das suas políticas, está
em risco de não ver cumpridas as suas metas.
(Publicado: Diário de Viseu, 27.06.2012)
(Publicado: Diário de Viseu, 27.06.2012)