Concordo com o Joaquim Alexandre Rodrigues quando diz, no blog Olho de Gato: "esta tertúlia foi congregada pelo Fernando Figueiredo, do blog Viseu Senhora da Beira, e ocorreu no sempre hospitaleiro Lugar do Capitão", em Viseu, no dia 27 de fevereiro, à noite.
E, isto dito, importa igualmente aqui e agora reafirmar o quanto gostei de particpar neste debate, bem vivo, e nesta dinâmica interação, acutilante, com um público maduro e atento.
Fernando Figueiredo explicou com clareza a iniciativa, Fernando Paulo Baptista dissertou de forma empolgada e competente contra o acordo ["SOS" pelas matrizes profundas da Língua Portuguesa], Joaquim Alexandre Rodrigues moderou bem, com a sempre condescendência democrática e os deputados, Acácio Pinto, Hélder Amaral e João Figueiredo, deixaram as suas opiniões, mais pessoais que partidárias, sobre o acordo ortográfico e responderam às inúmeras questões suscitadas.
Pela minha parte, coloquei desde o início a minha declaração de interesses em cima da mesa: sou a favor do acordo ortográfico.
Alguns dos argumentos que utilizei: i) lidar com duas ortografias oficiais da língua portuguesa é negativo e prejudica a unidade e o prestígio do português no mundo, nomeadamente nas instituições e nas academias internacionais; ii) uma grafia comum aos países da CPLP abrirá novas oportunidades ao mercado da edição em português; iii) a língua é uma entidade em permanente construção e evolução e em nenhum momento ela cristaliza; iv) depois de cem anos de divergências ortográficas (desde o acordo de 1911 que não foi extensivo ao Brasil) e depois de vários tentavias goradas de acordos envolvendo a Acedemia Brasileira de Letras e a Academia de Lisboa de Ciências (1931, 1943, 1945, 1971/1973, 1975 e 1986) foi finalmente encontrado um texto comum que podendo ter lacunas é um acordo internacional e um acordo é, em si mesmo, um ato positivo que importa enfatizar; v) não tenhamos medo desta mudança que visa aproximar a grafia da articulação fonológica, pois já no passado também houve alterações, neste como noutros aspetos, também contestadas à época, mas que foram absorvidas pelos falantes e pelos escreventes [p.e. aflicto-> aflito; exhausto->exausto; phosphoro->fósforo; sciência->ciência].
Admito que passaremos por um período de alguma "cacofonia ortográfica"* mas isso não deve invalidar, por si, o acordo pois que, os falantes do futuro, as crianças, incorporarão rapidamente os reajustamentos resultantes do acordo ortográfico.
* Joaquim Alexandre Redrigues, dixit.
(Fotos: VSB/FF)