Vasco Graça Moura recusa-se a aplicar no Centro Cultural de Belém o Acordo Ortográfico que como se sabe remonta a 1991 (DR nº 193 de 23 agosto) e que, pela Resolução nº 8 do Conselho de Ministrtos de 20 de janeiro de 2011, se aplica ao Governo e a todos os serviços, organismos e entidades sujeitas aos poderes de direção, superintendência e tutela do Governo.
Mais, se verdadeiramente tivesse havido algum Governo que quisesse fazer precludir o acordo pois então que o fizesse, ou que o faça. Agora esta situação é que não lembra nem ao diabo.
Bem sei que haverá muitos e bons motivos para o contestar. Que haverá muitos e bons motivos para discordar de algumas das suas regras.
Assim também aconteceu noutros anteriores acordos. Noutros momentos em que se criaram uniformizações para a forma de escrever. Regras a aplicar à escrita. Também nessa altura houve muitos e bons motivos para muitos discordarem dessas regras. Porém elas entraram no nosso quotidiano linguístico.
Ainda hoje poderíamos escrever "pharmácia", ou "escripta", ou "abysmo", ou "lyrio", ou "orthographia", ou "syntaxe", ou...
Mas não. O nossos códigos evoluíram, evoluem e continuarão a evoluir...
Estamos, portanto, perante uma desautorização do Governo, que o nomeou para a Fundação CCB, por parte de Vasco Graça Moura.
Enquanto cidadão, escritor, tradutor, poeta... Vasco Graça Moura pode ter todas as dúvidas que entender sobre o novo acordo ortográfico e constituir e liderar os grupos que quiser contra o acordo. Agora, enquanto detentor de uma nomeação do Governo no CCB não lhe assiste o direito de colocar uma instituição cultural de referência a não cumprir o acordo ortográfico a que o Estado português se obrigou internacionalmente com os países da lusofonia, a quem Portugal dá um péssimo sinal.
Direi, como António José Seguro: ou o Primeiro Ministro desautoriza Vasco Graça Moura ou é, está a ser, por este, desautorizado.