Avançar para o conteúdo principal

PS propôs audição de entidades durienses no âmbito da diminuição do nº de pipas de benefício para 2011

Requerimento do PS aprovado, hoje, na Comissão de Agricultura e Mar para audição da Casa do Douro; UNIDOURO; AVEPOD; AEVP. O IVDP e o Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural serão igualmente ouvidos por proposta do PCP.
«Os Deputados do Grupo Parlamentar do Partido Socialista foram informados, por Comunicado do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, IP, de que seria fixado em 85.000 pipas de 550 litros o quantitativo de mosto a beneficiar na vindima de 2011, facto de que resultaram inúmeros protestos dos vinicultores daquela região, e que culminaram numa grande manifestação, havida no passado dia 31 de Agosto.
Com efeito, a diminuição do benefício no vinho do Douto de 110.000 pipas para 85.000, cifrando-se num drástico corte que afecta os pequenos e médios vinicultores, vem acrescer ao ambiente depressivo que já se vive naquela região demarcada, e que merece uma análise atenta por parte da Comissão de Agricultura e Mar.
O fundamento para tal decisão assenta na circunstância de a actividade económica global estar a ser afectada pela crise das dívidas soberanas, de, no 1.º semestre do corrente ano de 2011, se ter assistido a uma quebra nos valores totais de comercialização relativamente a 2010 (cerca de –9.2%), em litros, e, nos últimos meses (total anual móvel), a evolução ser também negativa (neste caso, em cerca de – 3.7%), cientes ainda do facto de a evolução das economias dos principais países consumidores de vinhos do Porto e Doutro estar a ser muito difícil, com crescimentos mínimos de 1 a 2%, o que permitiu, ao Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, I.P., concluir pela inexistência, para a actual vindima, de grandes expectativas de consumo.
Apesar das previsões de colheita apontarem para uma produção global na vindima de 2011 entre 220.000 a 260.000 pipas de mosto, aquele Instituto – que vive, actualmente, momentos de grande agitação interna, cujas causas importa também aferir – decidiu que, em prol da protecção da denominação de origem demarcada, e face à impossibilidade legal de fixar preços ou de o Estado fazer intervenções retirando vinhos à produção (ou, até, utilizar quaisquer mecanismos que distorça, o princípio da livre concorrência), fixar em 85.000 pipas o quantitativo de mosto a beneficiar, o que mereceu os mais veementes protestos da comunidade vitivinícola.
Neste sentido, porque aquele corte no benefício vem afectar os milhares de pequenos e médios vinicultores, e todo o sector económico a eles associado, os Deputados do Grupo Parlamentar do Partido Socialista consideram fundamental ouvir as entidades que os representam no Conselho Interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, I.P., o órgão de representação paritária da produção e do comércio dos vinhos da Região Demarcada do Douro, que assegura não só a defesa do interesse público associado à denominação de origem demarcada, mas, também, a defesa da qualidade, da segurança alimentar e da garantia de concorrência leal, urge auscultar as entidades ali representadas,
Face ao exposto, ao abrigo das disposições regimentais aplicáveis, os Deputados do Grupo Parlamentar do Partido Socialista na Comissão de Agricultura e Mar vêm requerer uma audição às seguintes entidades:
. Casa do Douro;
. UNIDOURO – União das Adegas Cooperativas da Região Demarcada do Douro, CRL.;
. AVEPOD – Associação de Viticultores Engarrafadores dos Vinhos do Porto e Douro;
. AEVP – Associação de Exportadores do Vinho do Porto.
Palácio de São Bento, 6 de Setembro de 2011
Os Deputados do Partido Socialista,
Acácio Pinto
Fernando Jesus
Isabel Santos
Jorge Fão
Manuel Seabra
Miguel Freitas
Renato Sampaio
Rosa Maria Albernaz»

Mensagens populares deste blogue

Sermos David e Rafael, acalma-nos? Não, mas ampara-nos e torna-nos mais humanos!

  As palavras, essas, estão todas ditas. Todas. Mas continua a faltar-nos, a faltar-me, a compreensão. Uma explicação que seja. Só uma, para tão cruel desenlace. Da antiguidade até ao agora, o que é que ainda não foi dito? O que é que falta dizer? Nada e tudo. E aqui continuamos, longe, muito distantes, de encontrar a chave que nos abra a porta deste paradoxo. Bem sei que, quiçá, essa procura é uma impossibilidade. Que não existe qualquer via de acesso aos insondáveis desígnios. Da vida e da morte. Dos tempos de viver e de morrer. Não existe. E quando esses intentos acontecem em idades prematuras? Em idades temporãs? Tenras? Quando os olhos brilham? Quando os sonhos semeados estão a germinar? Aí, tudo colapsa. É a revolta. É o caos. Sermos David e Rafael, nestes tempos cruéis, não nos acalma. Sermos comunidade, não nos sossega. Partilharmos a dor da família, não nos apazigua. Sermos solidários, não nos aquieta. Bem sei que não. Mas, sejamos tudo isso, pois ainda é o q...

JANEIRA: A FAMA QUE VEM DE LONGE!

Agostinho Oliveira, António Oliveira, Agostinho Oliveira. Avô, filho, neto. Três gerações com um mesmo denominador: negócios, empreendedorismo. Avelal, esse, é o lugar da casa comum. O avô, Agostinho Oliveira, conheci-o há mais de meio século, início dos anos 70. Sempre bonacheirão e com uma palavra bem-disposta para todos quantos se lhe dirigiam. Clientes ou meros observadores. Fosse quem fosse. Até para os miúdos, como era o meu caso, ele tinha sempre uma graçola para dizer. Vendia sementes de nabo que levava em sacos de pano para a feira. Para os medir, utilizava umas pequenas caixas cúbicas de madeira. Fossem temporões ou serôdios, sementes de nabo era com ele! Na feira de Aguiar da Beira, montava a sua bancada, que não ocupava mais de um metro quadrado, mesmo ao lado dos relógios, anéis e cordões de ouro do senhor Pereirinha, e com o cruzeiro dos centenários à ilharga. O pai, António Oliveira, conheci-o mais tardiamente. Já nos meus tempos de adolescência, depois da revolu...

Ivon Défayes: partiu um bom gigante.

  Ivon Défayes: um bom gigante!  Conheci-o em finais dos anos oitenta. Alto e espadaúdo. Suíço de gema. Do cantão do Valais. De Leytron.  Professor de profissão, Ivon Défayes era meigo, afável e dado. Deixava sempre à entrada da porta qualquer laivo de superioridade ou de arrogância e gostava de interagir, de comunicar. Gostava de uma boa conversa sobre Portugal e sobre a terra que o recebeu de braços abertos, a pitoresca aldeia do Tojal, que ele adotara também como sua pela união com a Ana. Ivon Défayes era genuinamente bom, um verdadeiro cidadão do mundo, da globalidade, mas sempre um intransigente cultor do respeito pela biodiversidade, pelo ambiente, pelas idiossincrasias locais, que ele pensava e respeitava no seu mais ínfimo pormenor. Bem me lembro, aliás, das especificidades sobre os sons da noite que ele escrutinava, vindos da floresta, da mata dos Penedinhos Brancos – das aves, dos batráquios e dos insetos – em algumas noites de verão, junto ao rio Sátão. B...