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Mensagens

A revolução liberal pelo olhar de Senos da Fonseca

  Senos da Fonseca , um polifacetado homem de múltiplos saberes, com várias formações no âmbito da engenharia mecânica e de máquinas navais, tendo desempenhado funções em inúmeras empresas públicas e privadas, com vasta obra publicada, traz-nos, num livro publicada em 2020, o seu olhar sobre os tempos conturbados vividos em Portugal aquando da revolução liberal nas primeiras décadas do século XIX. Trata-se de uma rigorosa narrativa, ainda que breve, “da revolução de 1820 à de 1828”, como nos refere na capa, em subtítulo. O elemento central e fio condutor para esta cronologia histórica, desde D. João VI até D. Pedro IV, passando pela luta fratricida entre liberais e absolutistas, que durante mais de uma década tiveram o país a ‘ferro e fogo’, é Joaquim José Queiroz. Este, natural do seu concelho, Ílhavo, desempenhou um papel proeminente em defesa das ideias liberais, primeiro liderando a sublevação de 16 de maio de 1828 em Aveiro, contra D. Miguel, que soçobrou e depois integran...

Romance 'O Leitor de Dicionários': opinião de João Cruz

Ao concluir a leitura de O Leitor de Dicionários , confesso, senti-me diante de uma obra que ultrapassa o mero exercício narrativo e se impõe como uma verdadeira reflexão sobre o papel da linguagem, da memória e da identidade. O romance não só homenageia a palavra como matéria-prima da existência, como também provoca no leitor, convida-o, a reavaliar sua própria relação com os significados que escolhemos, utilizamos, para interagir e no fundo para construir o mundo. A personagem do Alberto Suídas — leitor obsessivo, quase ritualístico, de dicionários — é, ao mesmo tempo, comovente e simbólica. Alberto Suídas é uma personagem rica e complexa, introspetivo e levemente andrógino, ultrapassa a função narrativa para se tornar numa figura emblemática da relação entre palavra e existência. Procura nos dicionários um significado e um sentido de existir (e vice-versa). A sua história convida a pensar sobre o que significa ler — e o que significa viver através da leitura. No essencial, encarna...

Falou-se de Viseu dos anos 60 e 70 a propósito do romance O LEITOR DE DICIONÁRIOS

  Viseu dos anos 60 e 70 esteve no centro da apresentação do romance O Leitor de Dicionários . Em articulação com a livraria Libros & Libros teve lugar naquele espaço comercial, na rua do Comércio, em Viseu, a apresentação, pelo autor, do livro O Leitor de Dicionários . Tendo por base o grande destaque que no romance se dá à cidade de Viseu dos anos 60 e 70 do século passado, o autor, Acácio Pinto, focou-se essencialmente nesse aspeto. Colocando-se na ‘pele’ de Alberto Suídas, a personagem principal, o autor efetuou uma incursão pelo Liceu Nacional de Viseu, que juntamente com a Escola Comercial e Industrial de Viseu eram as duas referências da cidade. O liceu foi a escola de Suídas, primeiro, como estudante, anos 60, e depois como professor, a partir de 1975, quando na mesma se viviam tempos revolucionários, que levaram à destruição da frase de Salazar “a escola é a sagrada oficina das almas”. Igualmente, foi nesse tempo que se efetuou a mudança de nome do liceu, de que...

Codex XXV, um livro de Afonso Carrega que deixa ecos

Codex XXV é um livro de Afonso Carrega que deixa ecos. Lembrei-me de uma frase de Goethe a propósito do livro de poemas Codex XXV , de Afonso Carrega. Dizia aquela polímato alemão, há 250 anos, que “no mundo há muitas frases mas poucos ecos”, situação que encontra um enorme paralelismo com esta atualidade efervescente, de ditos e gritos num sem número de plataformas digitais. Pois é, vivemos hoje, de facto, um tempo em que somos completamente submergidos por inúmeros textos, inúmeras proclamações, inúmeras frases e muitos poemas, sem que nenhum, quase nenhum, ecoe e soe bem fundo dentro de nós. Tenha eco. Ora, este Codex XXV é um livro de poemas, de muitos poemas que deixam ecos. De versos e poemas “esculpidos de sentidos”, parafraseando José Luís Peixoto, feitos de alma e de coração. Um livro em que, cada verso, cada poema brota lá do fundo, da fonte onde nasce “uma canção para alguém”, “um amor / só que seja” e o fruto “proibido inalcançável”, qual Sísifo empurrando a pedra ...

Os amigos também partem

Os amigos também partem Há pessoas assim. Que nos marcam. Que são marcantes e referenciais das nossas vidas. Pessoas que, por desígnios insondáveis, se tornam nossas. Que adotamos. Com quem gostamos muito estar. Com quem queremos muito estar. São pessoas que nos acompanham. Nas alegrias, mas sobretudo nas tristezas e nas partidas que a vida nos prega. Que a vida também lhes prega. Há pessoas assim. Que são farol. Que traçam caminhos. Que lutam. Por ideias. Perdendo umas vezes e ganhando tantas outras. Mas sempre de forma convicta. Convictamente defendendo as suas ideias. Os seus ideais. Sim, falo do José Junqueiro . Do JJ, como carinhosamente lhe chamávamos. Partiu. Partiu de rompante. E não há forma de sabermos lidar com isto. Não há qualquer racional que nos valha. A morte chegou em silêncio. Fria. E silenciosamente levou-o. E levando-o levou tanto de nós. Da nossa vida. Partiu hoje, não resistindo à última batalha que quis travar. Que travou. Fica. Fica o seu exemplo. A sua determin...

A feira da Tocha, ou a feira dos dias 14 e 27 de cada mês

  A Feira da Tocha realiza-se todos os meses nos dias 14 e 27 e quando estes coincidem com o domingo é antecipada para o sábado. É uma feira referencial para a região, pois atrai a esta localidade do concelho de Cantanhede muitos vendedores e muitos compradores, gerando assim um grande dinamismo económico local e regional. Porém, acrescendo a esses dois dias do mês, passou a realizar-se no mesmo espaço (o grande Largo da Feira, junto à igreja matriz), ao domingo, um mercado semanal. Ou seja, a Feira da Tocha viu, assim, aumentada a sua frequência, tornando-se num evento que gera grande atratividade à localidade. Ali são comercializados todos os tipos de produtos, numa agitação e efervescência enormes. Roupas, animais, fruta, árvores e hortícolas, sapatos, queijos e enchidos, quinquilharias diversas e, claro está, comes e bebes, onde não faltam os frangos e as febras, acompanhados pelo vinho tinto da bairrada. Ali fui e ali matei saudades das feiras de outros tempos. Dos pregõ...

Casa da Ínsua: a melhor oferta enoturística 2025 de Portugal

  A Casa da Ínsua foi classificada como a melhor oferta enoturística 2025 de Portugal pela Associação de Municípios Portugueses do Vinho . A Casa da Ínsua, um palacete barroco do século XVIII, localizada em Penalva do Castelo, a cerca de trinta quilómetros da cidade de Viseu e a uma hora e meia do Porto, é um hotel atualmente integrado na rede internacional de paradores . Esta unidade hoteleira, única e de grande beleza patrimonial (palácio, jardins e mata com árvores seculares), está inserida na Quinta da Ínsua, uma quinta de produção vinícola premiada, integrada em plena rota dos Vinhos do Dão e tem uma forte ligação ao Parque Natural da Serra da Estrela. Nesta quinta, para além dos vinhos Casa da Ínsua, produz-se ainda o Queijo Serra da Estrela, azeite, compotas e maçãs Bravo de Esmolfe, tudo elementos identitários do concelho de Penalva do Castelo. A estes produtos endógenos, promovidos pelo município através de eventos específicos, costuma designar-se de trilogia de exc...