Após traçar uma breve biografia de Mafalda Anjos, que foi a convidada desta sessão 5.as de Leitura, autora do livro Carta a um Jovem Decente dado à estampa em 2024, Teresa Carvalho, a moderadora, foi-a desafiando e deixando-lhes as deixas para uma conversa que acabou por ir muito mais além do livro que, supostamente, serviria (e serviu!) de base a esta conversa. A convidada, jornalista há 27 anos, foi linkando as suas respostas e considerações, sobretudo, com os contextos comunicacionais em que hoje nos movemos.
Esta sessão teve lugar ontem, dia 20 de novembro, ao serão, na
Sala de Exposição Permanente do Museu Municipal Santos Rocha, na Figueira da
Foz.
Mas será que a autora não falou sobre o livro? Claro que
falou. É que a decência, que subjaz ao mesmo — infere-se desde logo do título
—, está na mira e sob ameaça das redes sociais sem rosto, em que o pudor não
faz parte do léxico dos seus criadores. Ou seja, não é possível falar de
decência sem ir desaguar, ou melhor, sem mergulhar no oceano desta bolha comunicacional
que nos vem ‘estupidificando’ e que nós vamos aceitando, quase como um
inexorável preço a pagar.
No final, através das questões que colocou, o público também
acabou por se centrar no âmbito das redes sociais, nos algoritmos, e até nas
estratégias utilizadas pelos jornalistas para lidar com estes fenómenos, bem
como nas linhas editoriais dos órgãos de comunicação social em geral.
Ou seja, estas sessões/tertúlias promovidas sob a égide da
Biblioteca Municipal, sempre bem moderadas pela professora e crítica literária
Teresa Carvalho, têm-se revelado um excelente espaço de aprofundamento dos mais
diversos temas do presente ou do passado, tendo na sua génese os livros — nem
que alguns sejam OLNI (objetos literários não identificados) — e a literatura.
Esta sessão, com Mafalda Anjos, não fugiu, pois, à regra.
Confrontou os presentes com um problema de âmbito global — o dos algoritmos e
daquilo que nos ‘forçam’ a ver e consumir — e que constitui, porventura, o
maior desafio que se nos coloca hoje: o da quotidiana luta pela decência, pelo respeito
e pela convivialidade, nestes tempos de prosa dura e de ódio.
Acácio Pinto - 21.11.2025
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