«(...) Face aos problemas de saúde, Renato decidiu procurar um local com melhores condições, para morar, estando disponível para pagar um pouco mais. Um emigrante do Porto, que trabalhava com ele, ainda o tentou convencer a ir para o seu “bidonville”, onde viviam milhares de portugueses e que ficava ali perto. Numa clareira, rodeada por um bosque denso de carvalhos havia centenas de barracas de madeira sem eletricidade, sem água canalizada e com chapas de zinco canelado na cobertura. No dia em que Renato lá foi, nas ruas estreitas e enlameadas, daquele caótico bairro de lata, havia crianças com cabelos hirsutos e roupas velhas e sujas a jogar à bola. Quando espreitou para dentro de algumas barracas viu que o chão era de pedaços de lona e de tábuas soltas e que aqueles espaços minúsculos onde vivam milhares de emigrantes portugueses, mais pareciam uma poubelle, palavra francesa que ele já aprendera, quando foi a uma à procura de cadeiras. (...)»
Excerto do Romance O Emigrante pp. 61.
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