A Assembleia da República aprovou hoje, por unanimidade, o Voto de Pesar 71/XI pelo falecimento de Rui Joaquim Cabral Cardoso das Neves proposto pelos deputados do PS e subscrito também por deputados do PSD e do CDS-PP.
Teor do voto:
«Uma forte consternação e um enorme pesar atravessaram todos aqueles que privaram e conheceram Rui Joaquim Cabral Cardoso das Neves, quando tiveram conhecimento do seu falecimento, no dia 8 de Novembro, aos 67 anos de idade.
Nascido em Angola a 1 de Janeiro de 1943, Rui Neves foi um político de referência de fortes convicções e cedo deixou bem vincada a sua persistente dedicação aos valores em que acreditava: da liberdade, da igualdade e da fraternidade. À causa do humanismo, afinal!
Afirmou-se como seu defensor desde os bancos do liceu, mas o seu primeiro grande combate contra a ditadura travou-o na Universidade de Coimbra, na crise académica de 1962, de onde acabaria expulso e, nessa sequência, sentiu a dureza da guerra colonial por dentro, na Guiné, sem poder concluir o seu curso.
Foi sempre um lutador esclarecido contra o regime e desempenhou um papel relevante no alvorecer de Abril.
Homem de elevada craveira intelectual e política sempre se entregou às causas e missões públicas com total desprendimento e em defesa de valores e de princípios em que acreditava muitas vezes com sacrifício da vida pessoal.
Sempre se norteou por uma conduta de honestidade, sentido de justiça e coerência que estiveram bem patentes nas funções como Deputado, eleito nas listas do Partido Socialista, na Assembleia da República, entre 31 de Maio de 1983 e 13 de Novembro de 1985, como Adjunto, no Governo Civil do Distrito de Viseu, como Vereador e Vice-Presidente da Câmara Municipal de Nelas e como Membro da Assembleia Municipal de Nelas.
A sua visão de futuro, o seu sentido estratégico, a sua perseverança e capacidade de diálogo, cativaram a admiração de todos e fizeram dele uma referência incontornável sobretudo no desenvolvimento económico e social do seu Concelho de Nelas, território pelo qual muito lutou, procurando a melhoria e bem-estar das condições de vida das suas populações.
Ágil na argumentação, culto no discurso, leal para com os adversários políticos, sereno na palavra e afável no trato, ficará para sempre lembrado como um homem de afectos, desprendido dos bens materiais, mas com um raro sentido de solidariedade e coesão familiares.
A Assembleia da República presta sentida homenagem à memória de Rui Neves e apresenta, em nome de todos os Grupos Parlamentares, à sua família, nomeadamente à sua esposa, filha e netos as mais sentidas condolências.
Palácio de São Bento, 23 de Novembro de 2010»
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