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Já lhe conhecia as crónicas, A galope numa noite de búzios, um livro editado em 2023 e era
sabedor da sua imensa obra de investigação histórica e cultural focada nos Açores
e sobremaneira na ilha Terceira.
Fui, desta feita, surpreendido com este Infinito Sem Nome, o mais recente livro de Carlos Enes, um ex-deputado
e amigo que granjeei na minha passagem pela Assembleia da República.
Açoriano de gema, Enes, oferta-nos belíssimos poemas que nos
deixam sempre um leve travo de incompletude do ser humano que vagueia por este
mundo em busca da “eternidade” que, afinal, “existe sempre que a guitarra se
sente nos joelhos do tempo”.
Esta poesia de Carlos Enes é madura e suculenta. Cheia de
imagens. De mensagens íntimas. De metáforas. De intimidades inconfessáveis,
confessadas por um poeta fingidor,
para utilizar a expressão de Pessoa.
Foi tão bom ler estes poemas, estes versos, estas partidas,
estas incursões: “se o passaporte / exigisse o carimbo de um lábio/ tão
vermelho como a ardência / do meu sangue // todas as fronteiras / seriam / mais
um salto para o pico da loucura”, onde, quiçá, digo eu, encontraríamos a “estrela
do oriente (…) suspensa no céu de Tanegashima”.
Só mais uma nota em forma de pergunta: Como é possível uma
capa (colagem executada pelo autor) traduzir todos e cada um dos versos e
poemas deste livro? Será um paradoxo ou um elixir hermenêutico?
Parabéns Carlos Enes!
Título: Infinito Sem Nome
Autor: Carlos Enes
Editora: Letras Lavadas
Páginas: 112