Avançar para o conteúdo principal

Mário Centeno ao Público: PS PROPÕE AS REFORMAS ESTRUTURAIS QUE PSD E CDS NÃO FORAM CAPAZES DE FAZER

Rever a atual legislação laboral, corrigindo muitas das medidas que se encontram no programa da direita e que tão maus resultados têm trazido à economia e ao mercado de trabalho, e apostar no crescimento estrutural da economia são algumas das propostas socialistas que merecem especial atenção a Mário Centeno, coordenador do estudo macroeconómico do PS, numa entrevista ao jornal Público.

Confirmando que todas as medidas inscritas no programa eleitoral do PS têm no seu conjunto o objetivo de promoverem a redução da despesa pública, da carga fiscal e do défice, tendo em vista o crescimento da economia em base sólidas e sustentadas, Mário Centeno garante que o programa do PS é viável e que propõe reformas estruturais que o PSD e o CDS não foram capazes de fazer nestes quatro anos de legislatura.
Lembra que é preciso avançar sem aventureirismos, confirmando que tudo está pensado para combater a elevadíssima carga fiscal que este Governo fez recair sobre as empresas e as famílias, lembrando que a grande preocupação inscrita no programa eleitoral do PS é que a economia portuguesa possa adquirir de “uma vez por todas”, efetivas condições de crescimento estrutural.
O programa eleitoral do Partido Socialista, diz ainda Mário Centeno, “leva muito a sério” as dificuldades que o país enfrenta atualmente para fazer face às suas obrigações “dentro do que são as regras da área monetária onde nos encontramos”, procurando “otimizar os instrumentos de política disponíveis”.
Previsibilidade e sustentabilidade das medidas económicas e financeiras, são aliás duas premissas básicas de qualquer programa de Governo e “que faltaram à gestão do atual executivo do PSD e do CDS”. Mário Centeno considera mesmo ser um “paradoxo ouvir os dirigentes da direita dizer que as suas políticas têm sido previsíveis”.
Segundo o economista e também candidato pelo PS às eleições legislativas, se olharmos para a estrutura e evolução da despesa e da receita ao longo destes quatro anos, percebemos que “não ali qualquer previsibilidade”, lembrando a este propósito, o corte de parte do subsídio de Natal de 2011, com a argumento de que iria resolver os problemas orçamentais, o que não veio a suceder, que os cortes nas pensões iriam decidir o problema da sustentabilidade, o que também não veio a acontecer, lamentando que este tipo de austeridade, “cega, horizontal e não seletiva”, imposta ao país por exclusiva responsabilidade da direita, e que “apenas se limitou a cortar caminho para resolver um objetivo temporário”, fazendo cair a atividade económica e gerando desconfiança nas pessoas.
Quanto às reformas estruturais propostas no programa eleitoral do PS, Mário Centeno lembra, entre outras, “uma que está totalmente ausente do programa da coligação” e que respeita a uma alteração muito substantiva que visa criar uma maior “transversalidade” nos serviços da Administração Pública de forma a acabar com o “constante recurso a serviços externos” com a justificação de que o Estado não tem na sua estrutura técnicos qualificados ou com as valências suficientes.

Um contrato a prazo é um despedimento a prazo conhecido
Mário Centeno abordou ainda a questão da reforma do mercado de trabalho, sustentando que a lei portuguesa sofre de um problema “que ainda não conseguimos resolver”, e que passa pela “excessiva utilização de contratos a prazo”.
Recordou a este propósito que o processo conciliatório para a cessação de contrato de trabalho que o PS propõe no seu programa eleitoral resulta em grande medida de uma das “peças das reformas de base na Alemanha no início deste século”.
Um contrato a prazo, diz ainda o economista, “é um ato administrativo de despedimento a prazo”, ou seja, “a prazo conhecido”.

Acabar com este cenário passa, como defende, por deixar às empresas e aos trabalhadores as decisões sobre salários e a consolidar das relações laborais, sempre enquadradas no pressuposto e no âmbito da “contratação coletiva, como é evidente”, conclui.
(www.accaosocialista.pt)

Mensagens populares deste blogue

Sermos David e Rafael, acalma-nos? Não, mas ampara-nos e torna-nos mais humanos!

  As palavras, essas, estão todas ditas. Todas. Mas continua a faltar-nos, a faltar-me, a compreensão. Uma explicação que seja. Só uma, para tão cruel desenlace. Da antiguidade até ao agora, o que é que ainda não foi dito? O que é que falta dizer? Nada e tudo. E aqui continuamos, longe, muito distantes, de encontrar a chave que nos abra a porta deste paradoxo. Bem sei que, quiçá, essa procura é uma impossibilidade. Que não existe qualquer via de acesso aos insondáveis desígnios. Da vida e da morte. Dos tempos de viver e de morrer. Não existe. E quando esses intentos acontecem em idades prematuras? Em idades temporãs? Tenras? Quando os olhos brilham? Quando os sonhos semeados estão a germinar? Aí, tudo colapsa. É a revolta. É o caos. Sermos David e Rafael, nestes tempos cruéis, não nos acalma. Sermos comunidade, não nos sossega. Partilharmos a dor da família, não nos apazigua. Sermos solidários, não nos aquieta. Bem sei que não. Mas, sejamos tudo isso, pois ainda é o q...

JANEIRA: A FAMA QUE VEM DE LONGE!

Agostinho Oliveira, António Oliveira, Agostinho Oliveira. Avô, filho, neto. Três gerações com um mesmo denominador: negócios, empreendedorismo. Avelal, esse, é o lugar da casa comum. O avô, Agostinho Oliveira, conheci-o há mais de meio século, início dos anos 70. Sempre bonacheirão e com uma palavra bem-disposta para todos quantos se lhe dirigiam. Clientes ou meros observadores. Fosse quem fosse. Até para os miúdos, como era o meu caso, ele tinha sempre uma graçola para dizer. Vendia sementes de nabo que levava em sacos de pano para a feira. Para os medir, utilizava umas pequenas caixas cúbicas de madeira. Fossem temporões ou serôdios, sementes de nabo era com ele! Na feira de Aguiar da Beira, montava a sua bancada, que não ocupava mais de um metro quadrado, mesmo ao lado dos relógios, anéis e cordões de ouro do senhor Pereirinha, e com o cruzeiro dos centenários à ilharga. O pai, António Oliveira, conheci-o mais tardiamente. Já nos meus tempos de adolescência, depois da revolu...

Ivon Défayes: partiu um bom gigante.

  Ivon Défayes: um bom gigante!  Conheci-o em finais dos anos oitenta. Alto e espadaúdo. Suíço de gema. Do cantão do Valais. De Leytron.  Professor de profissão, Ivon Défayes era meigo, afável e dado. Deixava sempre à entrada da porta qualquer laivo de superioridade ou de arrogância e gostava de interagir, de comunicar. Gostava de uma boa conversa sobre Portugal e sobre a terra que o recebeu de braços abertos, a pitoresca aldeia do Tojal, que ele adotara também como sua pela união com a Ana. Ivon Défayes era genuinamente bom, um verdadeiro cidadão do mundo, da globalidade, mas sempre um intransigente cultor do respeito pela biodiversidade, pelo ambiente, pelas idiossincrasias locais, que ele pensava e respeitava no seu mais ínfimo pormenor. Bem me lembro, aliás, das especificidades sobre os sons da noite que ele escrutinava, vindos da floresta, da mata dos Penedinhos Brancos – das aves, dos batráquios e dos insetos – em algumas noites de verão, junto ao rio Sátão. B...