Avançar para o conteúdo principal

(opinião) Viseu por um canudo: três exemplos

Em três respostas, a outras tantas perguntas, o governo deixou bem clara a sua incapacidade estratégica sobre os assuntos em questão: ou para nada dizer ou para dizer não a Viseu.
Foram respostas a perguntas dos deputados do PS sobre assuntos relacionados com o distrito.
1. No caso do posto da GNR do Caramulo, no concelho de Tondela, que, repentinamente, em Julho, passou a simples posto de atendimento, só com um militar, a resposta foi “está em estudo no comando geral da GNR a reestruturação do dispositivo territorial, não sendo de excluir alterações na situação atual no concelho de Tondela.”
Esclarecedora. Nada diz. Nem sim, nem não, mas entretanto a situação continua assim numa vasta área territorial que carece de mais proximidade das forças de segurança.
2. No caso do IC 37, itinerário complementar entre Viseu-Nelas-Seia as coisas são mais claras. A resposta foi “mais se informa que por razões de restrição financeira que o País atravessa, não é possível a integração do IC37 (Viseu/Seia) no Plano de Investimentos 2012/2013.”
Aqui a resposta é esclarecedora. A opção do governo é outra que não a construção de um itinerário que estava com o seu processo em curso e que era (é) fundamental para abrir uma boa acessibilidade de Viseu à serra da Estrela, passando por Nelas e Seia com as mais valias económicas que daí advêm. E tudo isto apesar de termos vários viseenses no ministério respetivo (Álvaro Santos Pereira, ministro; Almeida Henriques, secretário de estado; Sérgio Monteiro, secretário de estado).
3. No caso da requalificação das escolas secundárias do distrito, cujo processo estava em curso, eis o teor da resposta: “O MEC não só impôs que, por ora, não fossem tomadas iniciativas que impliquem a assunção de novos compromissos financeiros e que, dentro do possível, fossem contidas as iniciativas atualmente em curso; os casos excecionais estão a ser analisados caso a caso. A intervenção nas escolas do concelho de Viseu estava prevista para a fase 4 do programa pelo que está a ser objeto de análise.”
Pois, mais uma resposta inequívoca: nada diz. Podem pois as escolas secundárias de Viriato (Viseu), de Moimenta da Beira, de Mangualde, estas da fase 4, e S. Pedro do Sul ou Latino Coelho (Lamego), estas da fase 3, esperar que para o ministério não há uma ideia concreta sobre tudo isto.
Isto é uma completa falta de decoro, para quem tinha todas as soluções para uma crise que era só “nacional”. E ainda que seja uma crise internacional, como agora também dizem, estas são más opções para Viseu e para a região. Há que dizê-lo sem tibiezas!

Mensagens populares deste blogue

Sermos David e Rafael, acalma-nos? Não, mas ampara-nos e torna-nos mais humanos!

  As palavras, essas, estão todas ditas. Todas. Mas continua a faltar-nos, a faltar-me, a compreensão. Uma explicação que seja. Só uma, para tão cruel desenlace. Da antiguidade até ao agora, o que é que ainda não foi dito? O que é que falta dizer? Nada e tudo. E aqui continuamos, longe, muito distantes, de encontrar a chave que nos abra a porta deste paradoxo. Bem sei que, quiçá, essa procura é uma impossibilidade. Que não existe qualquer via de acesso aos insondáveis desígnios. Da vida e da morte. Dos tempos de viver e de morrer. Não existe. E quando esses intentos acontecem em idades prematuras? Em idades temporãs? Tenras? Quando os olhos brilham? Quando os sonhos semeados estão a germinar? Aí, tudo colapsa. É a revolta. É o caos. Sermos David e Rafael, nestes tempos cruéis, não nos acalma. Sermos comunidade, não nos sossega. Partilharmos a dor da família, não nos apazigua. Sermos solidários, não nos aquieta. Bem sei que não. Mas, sejamos tudo isso, pois ainda é o q...

JANEIRA: A FAMA QUE VEM DE LONGE!

Agostinho Oliveira, António Oliveira, Agostinho Oliveira. Avô, filho, neto. Três gerações com um mesmo denominador: negócios, empreendedorismo. Avelal, esse, é o lugar da casa comum. O avô, Agostinho Oliveira, conheci-o há mais de meio século, início dos anos 70. Sempre bonacheirão e com uma palavra bem-disposta para todos quantos se lhe dirigiam. Clientes ou meros observadores. Fosse quem fosse. Até para os miúdos, como era o meu caso, ele tinha sempre uma graçola para dizer. Vendia sementes de nabo que levava em sacos de pano para a feira. Para os medir, utilizava umas pequenas caixas cúbicas de madeira. Fossem temporões ou serôdios, sementes de nabo era com ele! Na feira de Aguiar da Beira, montava a sua bancada, que não ocupava mais de um metro quadrado, mesmo ao lado dos relógios, anéis e cordões de ouro do senhor Pereirinha, e com o cruzeiro dos centenários à ilharga. O pai, António Oliveira, conheci-o mais tardiamente. Já nos meus tempos de adolescência, depois da revolu...

Ivon Défayes: partiu um bom gigante.

  Ivon Défayes: um bom gigante!  Conheci-o em finais dos anos oitenta. Alto e espadaúdo. Suíço de gema. Do cantão do Valais. De Leytron.  Professor de profissão, Ivon Défayes era meigo, afável e dado. Deixava sempre à entrada da porta qualquer laivo de superioridade ou de arrogância e gostava de interagir, de comunicar. Gostava de uma boa conversa sobre Portugal e sobre a terra que o recebeu de braços abertos, a pitoresca aldeia do Tojal, que ele adotara também como sua pela união com a Ana. Ivon Défayes era genuinamente bom, um verdadeiro cidadão do mundo, da globalidade, mas sempre um intransigente cultor do respeito pela biodiversidade, pelo ambiente, pelas idiossincrasias locais, que ele pensava e respeitava no seu mais ínfimo pormenor. Bem me lembro, aliás, das especificidades sobre os sons da noite que ele escrutinava, vindos da floresta, da mata dos Penedinhos Brancos – das aves, dos batráquios e dos insetos – em algumas noites de verão, junto ao rio Sátão. B...