António Almeida Henriques

Foto: Facebook do Município de Viseu

Costuma-se dizer que somos apanhados de surpresa e, quiçá, sem reação, quando as coisas acontecem sem data e sem hora predefinidas e programáveis.

E se tal assim é para os muitos aspetos da vida também é para a morte. Porém, no caso da morte, a surpresa e a tristeza são incomensuráveis quando ela decide irromper e ceifar vidas extemporaneamente. Sim, bem sabemos que não há uma idade, um tempo, uma data para essa partida, mas, quando ela acontece muito aquém de uma chegada que nos habituámos a aceitar, o nosso questionamento não encontra uma resposta fácil e a teimosia, perante respostas de cariz mais religioso, é óbvia.

Vem isto a propósito da morte de António Almeida Henriques, presidente da Câmara Municipal de Viseu, que aos 59 anos de idade, no pleno desempenho de funções eletivas e aprestando-se para mais uma pugna eleitoral, foi traiçoeiramente derrotado, muito aquém do tempo natural, por um vírus sem rosto e sem escrúpulos.

Com ele privei ao longo dos anos nas mais diversas circunstâncias, quer quando desempenhei as funções de Governador Civil do Distrito de Viseu, quer quando fui deputado à Assembleia da República, eleito pelo PS no círculo de Viseu. E desse nosso relacionamento institucional resultaram inúmeras divergências quanto às opções, sendo ele do PSD, todavia sempre convergimos no respeito que reciprocamente nos impusemos enquanto cidadãos da polis e quando se tratava da defesa de causas estruturantes para a região.

E radica aqui, porventura, o maior elogio que posso prestar, com justiça, ao cidadão António Almeida Henriques, enquanto homem público e dedicado à causa pública: O do rigor e da convicção na defesa dos seus pontos de vista, cumulados com o respeito pelos seus adversários.

Será assim que o guardarei até que a memória que me assiste mo facultar.

Curvando-me, perante António Almeida Henriques, apresento à sua família e ao município de Viseu a minha fraterna solidariedade, neste dia em que o seu corpo nos deixa para sempre!

AP