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De Almeida Moreira a Agostinho Ribeiro: 100 anos de história do Museu Nacional Grão Vasco

Opinião DÃO E DEMO
Assinalaram-se no dia 16 de março os 100 anos de vida do Museu Nacional Grão Vasco. Um Museu que nasceu, portanto, em 1916, sob a égide de Almeida Moreira, seu primeiro diretor, e que este ano da graça de 2016, sob a batuta de Agostinho Ribeiro, seu atual diretor, soube interpretar os desígnios de uma região e de um país, se mantém ao serviço das pessoas e continua um inesgotável servidor de um território que, de igual modo, nele se revê e com ele se funde e confunde.
E o programa idealizado para este ano do centenário, objetivamente multifacetado, teve, reconhecidamente, no dia 16 de março, uma forte carga simbólica e emotiva e uma forte dose de afetividade.
E isso pôde ser vivido e sentido pelos inúmeros viseenses que quiseram dizer presente. Pelos de cá e por aqueloutros que vindos de longe ali também quiseram deixar a sua impressão digital; ou mesmo por tantos outros que, na diáspora, além-fronteiras, mas que por estarem à distância de um clique, se quiseram sentir, sentiram, igualmente parte dos variados momentos que aconteceram durante todo o dia. Um dia, podemos dizê-lo, que para além da sempre efémera gravação pela memória, vai ficar associado a elementos simbólicos e duradouros que o homem, ao longo do tempo se habituou a guardar e a colecionar, perpetuando, através deles, memórias e histórias idas. Um selo, uma peça de porcelana e um vinho, uma trilogia de excelência do colecionismo, que os vindouros não prescindirão de apreciar e de disputar.
Mas, igualmente, o dia 16 de março ficou também marcado pela inauguração da exposição dos momentos mais relevantes dos 100 anos de vida do Museu, pelo anúncio da atribuição da medalha de ouro do município e à noite, na Sé Catedral de Viseu, a audição do coro do Teatro Nacional de São Carlos (embora sabendo a pouco) constituiu a cereja, bem vermelha, no cimo de um bolo centenário requintado.
De Almeida Moreira, esse visionário da cultura e da museografia, a Agostinho Ribeiro, este exímio e qualificado homem de cultura, o Museu Nacional Grão Vasco não só os mereceu a eles, como mereceu todos quantos o dirigiram, e tantos foram, todos quantos nele trabalham e trabalharam nestes 100 anos de história, de memória e de muita glória ao serviço de Viseu, de Portugal e do Mundo.
Aqui fica o meu tributo!
Acácio Pinto
Opinião DÃO E DEMO

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