Texto de José Lapa , publicado no jornal Via Rápida , 15.05.2025 Nestas coisas da escrita, lembro-me muito de Adília Lopes: «Nada te turbe / Nada de espante ». Talvez a escrita se inicie aqui, apesar de ser difícil percebê-la na sua origem, lá bem no fundo das nossas motivações, desejos ou missões. Do fluxo memorial desagua-me também Vergílio Ferreira, logo ele que dizia ter vindo para se desassossegar e nos desassossegar: « Da minha língua vê-se o mar ». E, no desassossego, pulsa e vive a pátria, esse extenso domínio da língua, como escreveu Pessoa. Acácio Pinto, anda de escola em escola, a falar dos seus livros, nomeadamente dos últimos: O Volframista (2023) e O Leitor de Dicionários (2024). Dois textos que marcam preocupações sociais e culturais do autor, ou seja, humanistas. Acácio Pinto, é um escritor de missão, por isso, e tenta semear a palavra e a leitura, como kit de sobrevivência para tempos sem espanto e onde a língua mirra tida por desnecessária, as tecnolo...