Aquilino Ribeiro, esse mago da literatura portuguesa da primeira metade do século XX, é incontornável, quando se trata de falar das suas (nossas) Terras do Demo.
Vem isto a propósito do colóquio que teve lugar neste domingo, 17 de novembro, na Casa das Novenas, na Lapa, concelho de Sernancelhe. O tema em debate era precisamente "História do Fogo nas Serras da Lapa e de Leomil".
Bem, mas regressemos a Aquilino.
Foi a Eleonora Monaci, da Universidade Nova, de Lisboa, que o trouxe ao colóquio através de uma breve análise de duas obras. Uma de Aquilino Ribeiro, Quando os Lobos Uivam, obra de 1958, e outra de Adriano Carvalho, O Regime Florestal de Serpins, esta de 1911.
E porquê, esta obra de Serpins, no concelho da Lousã?
Pois bem, pelo facto de Aquilino, aquando do processo que o Estado Novo lhe moveu devido à escrita do seu livro, que haveria de ser censurado, ter referido, em sua defesa, que se havia inspirado para o escrever, precisamente, naquilo que se passara em Serpins, aspeto surpreendente e que muitos desconheceriam.
E será que foi inspirado em Serpins?
É que todos nós, que lemos o livro Quando os Lobos Uivam, sempre o associámos à luta dos serranos das Terras do Demo.
E aquilo que a Eleonora, depois de detalhar as duas obras, acabou por concluir e partilhar com os presentes foi que, de facto, "É possivel. Mas...", acrescentando mesmo, sob forma interrogativa: "Quando os Lobos Uivam - um livro da literatura mundial?"
Bom, depois de nos prendermos à exposição, soube-nos a pouco a conclusão da Eleonora. Haveria, com certeza, muito mais para aprofundar. Creio que a conferencista não deixará de, oportunamente, o fazer!
Este primeiro painel, a que assisti, foi moderado por Alcides Sarmento, diretor do Agrupamento de Escolas de Moimenta da Beira, depois de Armando Mateus, em representação da Câmara de Sernancelhe ter saudado os presentes.
Este colóquio integra-se no projeto Fireuses.
Acácio Pinto